sexta-feira, abril 20, 2007

caminhando

...por estas fráguas penso na Maria Manuel - minha mulher, companheira, melhor amiga, confidente, amante, namorada sempre - em como gostaria de estar a fazer estas caminhadas sem horas nem definições.
E depois sorrio e falo.
Falo para mim, para ela, para o vento que passa e leva as vozes a todas as dimensões pelo que sei que ela me ouvirá.
- "mas que digo eu? que gostarias? esqueço que já não tens o limite da matéria....que sei eu...? talvez caminhes comigo...ou talvez estejas sentada no topo do Everest a olhar e a pensar que um dia me levarás lá, pois sabes que sempre o quis fazer...."

E rio.
Estes solilóquios, lançados ao vento, às pedras, às altaneiras àrvores e ao vento não me deixam nenhum amargo de boca, nem sinal de tristeza.

E, de volta, recebo o murmúrio das águas, das folhas agitadas pelos ventos, dos pássaros agora em frenética azáfama e dos insectos que começam a murmurar ao longo dos dias....

Ouço ainda o som da planta que rompe a terra e sobe.
Sempre em direcção da luz - ao invés do homem, da humanidade que cada vez mais se afunda nas trevas, nas sombras....

Sinto a falta de Maria Manuel (conheci-a no final do Liceu, namorámos e só a morte nos separou), mas é uma saudade mansa, alicerçada na certeza da imortalidade da alma (ou o que lhe quiserem chamar. Afinal, de cada um de nós, na sua essência.) e caldeada por muitos anos de felicidade, crescimento comum e partilhas, muitas parilhas boas.
Mesmo nos piores momentos a genuidade e a força da nossa relação eliminava tudo o resto.
Que afinal era transitório, supérfluo....
E por estas brenhas caminho sentindo a força da Pimavera, afinal da VIDA, brotar da mãe
Terra/GAIA.

1 comentário:

Anawîm disse...

gostei de visitar este teu ermitério, teu e, seguramente também de algum modo, da Maria Manuela...