quinta-feira, setembro 20, 2007

VIDA



Choveu! E logo da terra humosa
Irrompe o campo das liliaceas
Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
Que vigor no campo das liliaceas!

*
Calquem. Recalquem, não o afogam.
Deixem. Não calquem. Que tudo invadam.
Não as extinguem. Porque as degradam?
Para que as calcam? Não as afogam.

*
Olhem o fogo que anda na serra.
É a queimada...Que lumaréu!
Podem calcal-o, deitar-lhe terra,
Que não apagam o lumaréu.

*
Deixem! Não calquem! Deixem arder.
Se aqui o pisam, rebenta além.
- E se arde tudo? - Isso que tem?
Deitam-lhe fogo, é para arder...
***

PRSSANHA, Camilo (1995). CLEPSYDRA. Lisboa: Relógio D'Água: 105

10 comentários:

Isamar disse...

Um poeta que conheço e uma obra de referência.
Belo poema. Lembrei-me de outro fogo. O de Camões." O amor é fogo..."
Afinal que seria do mundo sem o fogo. Seja ele qual for.

Beijinhos

Sol da meia noite disse...

Gosto de poesia feita de contradições... onde tudo faz sentido...
E gostei desta mistura de chuva e fogo... equilíbrio!

Deixo um beijo!

Nilson Barcelli disse...

Bela escolha.
Há que tempos não lia este autor.
Abraço.

Rocha de Sousa disse...

Para Eremita,
Recebi um comentário seu, que agra-
deço, e espero podermos manter este
contacto. Deixo aqui, também, a minha homenagem ao seu apreço por Camilo Pessanha, quer através desta poesia, quer pela obra que infelizmente se tem diluído na memória dos eruditos de agora.
Saudações. Até breve

un dress disse...

ai que saudades!!

:)

tão inoocente tão musical...!!




beijO

rui disse...

Olá Eremita

Lindo poema!
Hoje foi bom recordar Pessanha.

Desejo um lindo fim-de-semana
Grande abraço

Francisco Sobreira disse...

Caro Amigo,
Um poema simples, mas forte, em que está presente a dualidade agua-fogo. Uma boa escolha, como bem observou um dos seus leitores. Olhe, coloquei hoje no meu blogue o trevo que você gentilmente distinguiu o meu "Luzes". Um abraço e um excelente fim de semana.

un dress disse...

:) lindo...

Paula Raposo disse...

Um belo poema que nunca tinha lido. Obrigada. Beijos.

De Amor e de Terra disse...

Foi bom recordar Camilo Pessanha!
Muito bom mesmo...e há que tempos não me lembrava dele!

Bj


Maria Mamede