A recepção e respostas foram boas. Assim, as 12 Palavras para o 1º Jogo foram aqui publicadas.
Iniciámos esta aventura com a postagem do 1º Jogo das 12 Palavras a X de X de 2008.
Quase um ano volvido após o 1º Jogo, outros 11 corridos e um livro produzido (com textos até ao 5º jogo) continuamos, creio que com prazer, de forma solidária, esta partilha.
Saúdo os novos participantes que vêm enriquecer o colectivo:
Agradeço às e aos amigos que se mantém empenhados com o entusiasmo de sempre.
Saúdo as e os amigos que por razões de suas vidas não têm podido colaborar como desejariam e espero o seu breve retorno ao nosso convívio.
AMORTECIDA; AVASSALADOR; AZUL;CÉU; COMUNGAR; DISTANCIAMENTO; ERODIDO; FAROL; FUSÃO;IMENSO; MAR; TEMPESTADE.
Fica feito o desafio e proponho o seguinte calendário:
Envio de textos: impreterívelmente até 21 de Abril de 2009
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Face à total ausência de respostas a algumas questões, nomeadamente pedido de sugestões
- Quem está interessado - ou não - que se realize esta apresentação em Viseu?
- Quem estará presente?
Por favor façam-me chegar as vossas respostas com a máxima urgência para que a Eli decida se estão ou não reunidas condições para avançar.
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Enviei-vos imagem da notícia saída no "Jornal de Poetas e Trovadores"
Não houve retorno ,
mas creio que a terão recebido...
á cautela aqui fica!
Passemos agora ao 12º Jogo!
Eis os textos recebidos:
>>amor, palavra singela.
Mas nós sabemos quando tudo se embaraça
no desejo de excluir de tal sentido
a >>maldição, entre as >>vitualhas de cada devaneio,
e como então nos falta a >coragem e a virtude da >partilha.
>Benjamim já fui,
com a >simplicidade dos murmúrios aparentes.
Mas a >ode que a família julga assim >tecer,
dita com a >flauta cujo som embala e anuncia
todas as fecundações da >verdade,
não vence nunca o nosso medo secreto
que o desamor mate a flor
>ROCHA DE SOUSA DESENHAMENTO
>
sou >Benjamim, filho mais novo de Jacob _ mais tarde baptizado por Deus, como Israel. dos seus doze filhos nasceram as doze tribos de Israel - ao que dizem seu filho dilecto, mas em verdade, José o era. minha mãe, Raquel, morreu ao dar-me à luz e suas últimas palavras foram o nome que queria dar-me: Ben- Oni. meu pai mudou-o para este por que respondo. nossa vida é regida pela >simplicidade. o >amor expressa-se em todos os nossos gestos. de uns para com os outros e para com a natureza e Deus que tudo nos dá. a verdade é um valor instilado desde o berço apreendido pelo exemplo dos mais velhos _ só pelo amor, pela verdade e pela partilha nos tornamos dignos da humanidade que o sopro divino em nós instilou. claro que o aprendizado da partilha também é uma necessidade para a sobrevivência da tribo e do clã. assim como a >coragem. mas somos pacíficos. vivemos do pastoreio. eu sou pastor e tocador de flauta. alimentamo-nos de legumes e cereais, de leguminosas e do leite das cabras. com eles fazemos os queijos que duram mais tempo e colhemos os frutos que as árvores dão no tempo certo.
com estas vitualhas vivemos saudáveis e longas vidas. por vezes a dieta é enriquecida com peixes e muitos são fumados ou secos criando uma reserva para dias de carência. só em ocasiões festivas comemos carne, sacrificando um ou mais animais, mas para tal lhes pedindo permissão e perdão. as nossas mulheres cuidam dos filhos _ de todos _ pois todos somos uma unidade e confeccionam os alimentos e aprendem, desde crianças, a >tecer os fios do linho, do cânhamo e a lã com que fazem as nossas vestes, mantos, mantas e demais panos necessários à protecção dos corpos face as intempéries. aprendemos o valor da poesia e construímos odes ao amor terreno e ao amor divino que nos criou e de tudo nos provê. o amor de uma mulher tem a leveza do beija-flor e faz florescer nossos dias quando nos enriquece com filhos. uma maldição se abateu sobre nós quando vendemos nosso irmão José aos ismaelitas por vinte moedas de prata. mais tarde estes venderam-no, no Egipto, a Potifar eunuco do faraó e chefe dos guardas. desde essa altura os cereais não medraram, os pastos secaram, assim como os poços.
>TMara estranhosDias
>
(de Maria para Benjamim)
Já que dizes que o amor é sã >partilha,
então ganha coragem> beija-flor:
Com simplicidade e com verdade>,
duas vitualhas> do dito bem-querer,
beija-me a mim, Benjamim>.
Mais uma dança de encantar tu vais tecer>
quando soprares da prateada flauta> transversal
a melodia suave desta doce maldição>,
Esconjuro que és
gravado em mim.
>Aníbal Raposo
que o Benjamim amor>
diz voando tal como
o beija-flor>
num acto de coragem>
e partilha>, a tecer>
>simplicidade
nas vitualhas> do desejo
jamais >maldição
e sempre >verdade!"
>Paula Raposo
>
(Viagem de comboio)
Campolide era a estação preferida. Capa e nome de um LP de Sérgio Godinho, era a primeira logo a seguir ao túnel do Rossio. Segunda metade dos anos 40. Criança, extasiava-me sempre que andava de comboio, apesar de o fazer diariamente.
Com toda a simplicidade>, achava que à janela, era o melhor lugar do mundo. A escuridão do túnel não me assustava. (A força e a coragem> demonstradas por minha mãe ao levar-me todos os dias ao hospital para tratamentos, só as compreendi anos mais tarde).
Cruz da Pedra/Jardim Zoológico. Apeadeiro há muito desactivado, era o meu destino no 1º ano do ciclo. Perto da gare, um pequeno riacho, suficientemente grande para um banho completo, se, ao tentarmos a travessia, caíssemos à água. A técnica perfeita para não cair, era ir saltitando de pedra em pedra, apoiado numa das canas fortes que por ali abundavam. Um pássaro que já se habituara à nossa presença (beija-flor>, ou parecido) era o complemento perfeito daquele ambiente.
S. Domingos de Benfica e a sua mata. De comboio ou a pé, Cruz da Pedra era perto, era para ali que íamos quando o intervalo das aulas era mais longo. Junto à mata, os Pupilos do Exercito, escola militar onde a partilha> de ideais era muito importante.
Com o título pomposo de estação, Benfica era a preferida por todos aqueles, que naquela idade, tinham um >amor profundo a um clube de grandes tradições.
Santa Cruz de Benfica , na >verdade, era apenas mais um apeadeiro que servia um bairro simpático de vivendas (Muitos anos depois ameaçado por uma via rápida a que chamam Cril.
Damaia. Sempre a confusão com a Maia e as pessoas que lá viviam, ou eram da Maia…) Hoje, completamente remodelada e mudada de local, acrescenta ao nome a antiga Santa Cruz de Benfica.
Reboleira. Inventada por um construtor civil como chamariz para a venda de andares, nunca passou de uma construção iniciada e depressa abandonada. Como se uma maldição> a atingisse.
Amadora. Muitos anos depois, tantos que se perdem na memória, passagem obrigatória por essa estação. Cansado do “ pára-arranca “ do IC 19, era ali que apanhava outro transporte que me levava ao trabalho. (Junto à paragem, todos os dias o cego que nos encantava tocando a sua >flauta).
Queluz/Belas, sem referências de maior. Paragem obrigatória, era mais uma estação no percurso. Ver as pessoas que entravam e saíam era a única nota de interesse.
Barcarena/Tercena. Em tempos de boleia, era o local de embarque a caminho de Sintra. Antes da construção desenfreada de milhares de prédios e consequente movimento de pessoas, era possível ouvir-se música nos vastos campos em redor. E sonhar com uma ode> perfeita para os nossos ouvidos…
Cacem/Agualva. Passada a fase dos estudos em Lisboa, interrompidos para começar a trabalhar, situava-se no Cacém a escola nocturna. Escola onde pensava começar a tecer> o caminho para um curso superior. Que não veio a acontecer.
Rio de Mouro/Rinchoa e de nada me lembro.
Nas Mercês, a lembrança da feira anual. A sempre apreciada carne de porco frita (abusavam do pimentão…) e todas as outras vitualhas> que nos enchiam a alma e o estômago. (Vim a saber, anos mais tarde, que era ali que ela apanhava o comboio a caminho de Lisboa).
Algueirão/Mem Martins. O primeiro grande dormitório a seguir a Sintra. Era nesta estação que o comboio enchia e deixava de haver lugares sentados. Recordo, no entanto aquela senhora com um bebé de meses (decerto o benjamim> da família) que furando, pedindo licença, insistindo, se sentava sempre no mesmo lugar junto à janela.
Portela de Sintra. Apeadeiro construído após a expansão da Vila para os arredores.
Chegou a ser o meu local de entrada e saída, quando, a estudar à noite no Ateneu em Lisboa, o utilizava seis vezes por dia. Durou apenas seis meses, a aventura.
Sintra. Com a remodelação total das estações, Sintra como destino final dos que vinham de Lisboa, perdeu todo o encanto. Hoje, a estrutura lá erguida, já não deixa ver, em toda a sua grandeza, o Castelo dos Mouros lá no alto. Mais funcional é certo, deixou de ser o ex-libris da linha de Sintra.
Zé-viajante
ai amor> de beija-flor>
>partilha de vitualhas>
lareira com acendalhas
>maldição de querubim
vem a mim
ai vem a mim
diz-me que sim
>benjamim
que sem ti eu fico assim
como >flauta sem coragem
>verdade de fraca aragem
a >tecer simplicidades
em ode> feita às cidades
com pós de perlimpimpim
ai amor
dá-me por fim
esse sim
de uma paixão
… ou então
dá-me um não!
>Jorge Castro
A sua alma vagava sobre os penedos, rugindo atormentada, para todo o sempre >amaldiçoada...
Olhava com arrependimento para a sua vida passada,
Vida essa onde a luxúria imperava e o amor> era negado,
Uma vida onde o som das flauta>s soavam toda a noite, acompanhadas de odes a Baco.
Desejaria de ter tido a coragem> de ter vivido uma vida de simplicidade>,
Mas as luzes luxuriantes e manipuladores da noite eram como vitualhas> para a sua alma.
Desejaria de ter partilhado> o seu leito com alguém de verdade>,
e tecer> esperanças e um amor puro,
Mas a sua alma era como um benjamim> mimado sempre sedento de caprichos,
Era como um beija-flor> bebendo do néctar de diferentes flores.
Só lhe restava agora olhar para este passado com amargura
E passar o resto da eternidade mergulhada num sombrio agrilhoamento.
>Mac silence..
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>ode à vida
na >simplicidade de seu viver, com alegria e >coragem, o >beija-flor tece uma das mais belas >odes á vida quando, de flor em flor, recolhe as vitualhas> que lhe são alimento enquanto em toda a natureza, da flauta> de Pan, ressoa um cântico de amor> – o benjamim> da vida. seu filho dilecto. fonte de tudo o que existe - e verdade> onde a partilha> é a lei maior. tão poderosa que não há maldição> que logre inverter este ciclo,mau grado as sucessivas rupturas criadas.
>Amla - fragmomentosii
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Ainda em vida
Toquei na velha >flauta,
cantata liberta de longos véus
escuros.
Já não há maldição>;
espantaste todas as vitualhas>,
todas,
pelo meu salão escuso.
Amor?
Fugidio,
nem se lhe sentiu a sombra,
nem >simplicidade naquele olhar,
escorregadio de coragem,
em renúncia.
(…)
>Ode à orquídea!
Ao beija-flor> que a resgata,
entre dois sulcos de brisa!
No redondel do olhar,
foi tão só um benjamim>
ascenso de si,
apenas,
naquele meu salão escuso.
Partilha a tua boca, apenas.
>Tecer frases feitas
é um caminho de tortura,
sem bermas.
Verdade sem tristeza,
por onde, vida, nos levas,
em melodias de trevos e vielas?…
>Jaime A.
>A UM AMIGO
>Amor rima com beija-flor>.
Talvez estas duas palavras sirvam para os poetas e poetisas deste jogo puderem comporem os seus poemas e pensarem um pouco na simplicidade> do seu impulsionador. Ele, que viveu algum tempo e por vontade própria, em recolhimento e, agora, se encontra junto dos seus >benjamins, cheio de coragem> para suportar o frio das terras do norte de outro continente deixando em esquecimento a nossa velhinha Europa.
Na verdade>, a partilha> da sua amizade, por nós todos, é gratificante e entra nos nossos corações como os sons duma flauta> mágica ao tecer> suaves acordes numa ode> ao nosso conhecimento mágico e virtual, proporcionado por este jogo interactivo que, não será só de 22 olhares mas sim, de todos e para todos que queiram participar e, afastar, não direi maldição> mas, o mau juízo que muitos fazem, dos contactos e amizades, via Internet.
Espero que, este amigo comum, tenha levado para o jovem continente de índios e cowboys, um pote bem cheio de vitualhas> para repartir com os seus familiares, pois assim poderá matar saudades do nosso velho cantinho europeu enquanto se delicia no degusto bem apaladado dos comeres minhotos
>Benó
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O espelho reflecte a harmonia de formas apetecíveis,
>vitualhas de prazer que só quero partilhar contigo.
Deixa que te olhe e percorra a verdade> que é o teu corpo.
Ouve os batimentos acelerados de quem deseja.
Toca os teus lábios nos meus como um beija-flor>,
que sorve o néctar doce do absinto.
Sente o ardor do nosso beijo sôfrego e descontrolado,
que nos faz tecer> longos mantos de coragem>.
Escuta o amor> que nos une,
como uma maldição> que não queremos que acabe.
>Partilha comigo a simplicidade> de uma ode>,
tocada à flauta> por um benjamim> qualquer
>José Rios
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>Beija-flor trinou batendo as asas num repique de graça. Poisou devagarinho no cardeal cor de ciclame e olhou em redor. Beija-flor descansou.
O sol escorria numa quentura morna de sentidos. As folhas verdes gotejavam de brilho. O ar colava-se ao corpo.
Naquela hora, a modorra visitava a natureza mais o homem. Porém beija-flor continuava trinando, a melodia chegou no vento à casa amarela. Clarisse deitou a perna cor de canela para fora do lençol. Rolou a carne na tepidez do ar. Salivou os lábios túrgidos, pestanejou, bocejou e botou o braço para fora. Depois apurou o ouvido. O trinado do beija-flor picou-lhe a orelha.
Beija-flor tinha voltado. Era tempo de amor.>
Dengosa enrolou as pernas rebolando as ancas. O gesto destapou uma ode> de canela perfumada e palpitante. Faceira agitou os caracóis apertados que teimavam em tapar-lhe o olho de veludo. Estendeu a vista por baixo e gostou do que viu. Mulata boa e tenra. Ela sabia. O corpo pedia e o desejo subia.
E beija-flor trinava.
Cobriu o corpo lindo com vestidinho de alcinhas. Algodão vermelho macio. Sozinho, assim em cima da carne. Uma simplicidade> feita beleza.
Enfiou os pés nas chinelas e saiu para a rua. O desejo mole alagou-lhe os seios. Uma coceira redonda. De cima para baixo, e, de baixo até cima. Um zumbido sem tino.
Bateu o portão do quintal. O calor envolveu-a ainda mais. Um treme-treme a ardejar-lhe o corpo. Clarisse zonzou. Deu um passo, mais outro e o requebro de anca tomou conta dela. Gostou.
O beija-flor a trinar e Clarisse a menear.
Vai mato dentro. A melodia chama-a. Beija-flor é o seu maestro.
Bilhó mulato escorreito está jardinando. Vê Clarisse no vestidinho vermelho descendo a rua e dengando a cada passo. Não despega olho, não. Aquela moça tem mandinga. Aquele meneio de canela abrasa-o. Clarisse vai já longe. Levanta-se, deixa o sachinho mais o balde de lado. As flores que esperem. Ele tem que ir colher aqueloutra flor. Já na rua, estuga o passo como se fora gato esticado. Pé aqui, pé ali, na pegada do feitiço de canela. O sol ateia-o ainda mais.
E beija-flor a encantar,
Clarisse ouve cada vez mais perto aquela flauta> de trinados tão puros. Parece som de prata a cair na água. Tão lindo! Tão lindo que até dói. E o calor que alaga o corpo. Sente as coxas molhadas. Espreita por dentro do vestidinho de alças. Tudo parece maior. Cresceu. Sente a cabeça a rodar. Olha em volta e de revés. Vê mulato Bilhó. Rapaz bonito e enxuto.
Gosta.
Sente o latejo do seu corpo de canela. Olha-o de soslaio. Espicaça-o. Freme. Pára. Corta um cardeal da sebe de Dona Letinha. Mexe na flor, acariciando o estame erguido. Passa-a pelo rosto olhando para trás de olho bem aberto, lança uma gargalhada. Ai, que ele vem vindo. Ai!
Beija-flor continua trinando e Clarisse dengando.
Aquele tecer> insinuante de sentidos faz a >coragem de Bilhó subir como se fora balão redondo escapulindo da mão de menino. Estuga o passo. As pernas ágeis desentorpeçam os passos da distância. E chega-se por trás assim devagarinho. Passa-lhe a mão na nádega que adivinha firme e de jeito coloca-se a seu lado.
Sorriem. Olho no olho. Há a luz do desejo. a verdade> não tem palavras. Tem gesto.
Dão as mãos. Os braços balançam ao ritmo do andar. Bamboleado em jeito de partilha>. Um bater de asas contínuo como se fora beija-flor.
A acácia está florida, o cheiro enreda mais. Clarisse encosta- se ao velho tronco. Defronte beija-flor pipila sobre a folha verde da samambaia. Parou agora. Parece que os está mirando. Bate as asas, assim, sem parar. São as asas de beija-flor ou as mãos de Bilhó num desatino na sua carne de canela?
Suspira fundo, de prazer e fecha os olhos.
Clarisse não sabe mais onde está. Tudo rodopia. O sentido do mundo gira no ventre de canela. A >maldição de mulher no suspiro do prazer, fá-la estremecer. Que gostosura, que mundo de sentir. Bilhó é macho possante. Dá-lhe o prazer da vida no reboliço de um vai e vem. Clarisse geme e geme. Trinado de mulher. Pipilar de fêmea. Primícias
Na árvore beija-flor humedeceu. Está quedo. Os olhos mais a cabecita movem-se irrequietos.
A música mudou. Cicios de mulher em pauta de sentir.
Beija-flor pia solitário.Logo, logo, um outro e mais outro…e ai, outro ainda, soam em redor.
Pipilo ou cicio? Beija-flor ou Clarisse?
Confusão!
Sob a acácia as vitualhas> do prazer jazem em silêncio. Escuta-se o segredo da tarde embrulhado num trapo de sentidos já contados. Clarisse sonolenta de gozo, estende a mão para o rosto de Bilhó. Interlúdio de carne. Estrofe de som.
A samambaia estremece no seu verde. Beija-flor saltita. Um toque aqui, outro ali. A carícia de uma asa. Um esvoaçar permanente. Uma íris de cores. Beija-flor está feliz.
Beija-flor ou Clarisse?
Pássaro ou mulher? Pipilo ou cicio? Quem sabe? Quem ouviu?
Gente não foi.
Na casa amarela a tarde acordou. Clarisse sentada no banco da cozinha descasca o feijão. Ploc, ploc e o grão vai caindo na bacia azul. E a bacia vai enchendo, enchendo tal como o devaneio de Clarisse.
Algures um beija-flor, um benjamim> de ilusão vai esvoaçando…
>Mateso -Artmus