quarta-feira, fevereiro 25, 2009

11º Jogo das 12 Palavras - 2ª Parte

sobrevivência

o vento atingiu a solitária árvore. perdida na vasteza da planície, sentinela única daquele imenso oceano de terra calcinada a perder de vista a batida forte do ar imprimiu-lhe uma oscilação. uma sacudidela imprimiu-lhe um estremecimento semelhando hesitação na decisão a tomar. a situação era desesperadora. a árvore, soberana expressão de vida sentiu a seiva correr mais forte bem por dentro de si animando cada tronco, cada ramo. sentiu-se perdido navio no meio de longínquo e inóspito mar. Morfeu, sentado num dos seus braços, trauteava canção de embalar enquanto fazia soar sua lira. a árvore sabia que não podia ceder. o sono seria fatal. a última expressão de vida desapareceria da superfície da imensa planície que se estendia a perder de vista. onde antes existiam florestas, bosques, verdes prados cheios de vida, animais de todas as espécies, caçando, preguiçando ao sol, lançando aos ares suas vozes. maviosas umas, quase assustadoras pela força e potência outras. a árvore lembrou com ternura o tigre que, durante anos adoptara os seus ramos como leito e como ponto de vigia de onde detectava caça ou adversários. pensou que, por todos eles, não cederia. o sono arrastaria a morte. a seiva pararia e ela, guardiã da vida, desapareceria. com ela toda a esperança de renascimento.
Amla
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Parado no deck do navio,
cotovelos apoiados na amurada,
estendeu o braço e deu uma sacudidela
a libertar a cinza do cigarro.

situação nova que lhe trazia o prazer dela
em cada batida, em cada latejar
dentro do cérebro tão lúcido que doía.
Como se entregue a Morfeu
em sonho se alongasse na vasteza
daquele outro oceano de sensações.

Qual tigre fixado na presa
posicionado contra o vento
o olhar perdia-se na imensidão
no verde-azul do infinito adiante
na esperança sem tamanho
no vaivém da oscilação
soberana das águas.
Jawaa
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A Dúvida

Deteve-se no cimo da falésia e ali ficou de face voltada para o vento...Sentia-se como um pequeno navio, a oscilar perigosamente nas ondas da tormenta, perdida na vasteza do oceano. Sentia-se invadida de incertezas e dúvidas, a sua vida sacudida de um modo inesperado...já não se sentia soberana do seu ser, sentia-se enclausurada numa situação para a qual não antevia solução.
Olhou para baixo, para o mar revolto que se desfazia contra a falésia...Ocorreu-lhe dar um salto de tigre e assim poder finalmente descansar, embalada nos braços de Morfeu...Todas as incertezas e dúvidas desapareceriam então...
Olhou mais uma vez para baixo...a sua alma agitava-se dentro do peito, e as batidas do coração ressoavam-lhe nos ouvidos...
Respirou fundo...
E deu um passo...para trás....
Afastou-se da falésia. Amanhã é outro dia.
Margarida Martins

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soberania perdida

antes era senhora
soberana de mim.
de minha vida.
um vento estranho
chegou
alterando a situação.
sentira-lhe a batida.
uma leve oscilação
a correr-me por dentro.
agora, perdida
na vasteza daquele oceano,
navio sem rumo,
qualquer sacudidela
me estremecia os alicerces
que rugiam – tigre mortalmente
ferido num deriva
sem norte. cego
morcego sem radar.

só nos sonhos – quando
nos braços de Morfeu
voltava a sentir o domínio
de meu ser.

acordar era interminável
queda por abismo
de dores.
TMara

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Carta a Morfeu

Divino,
É o cansaço que me leva a suplicar o vosso auxílio.
O sono abandonou-me e deita-se comigo a insónia que é amante cruel e castigadora, soberana e toda poderosa proíbe-me de descanso merecido.
Não posso nem quero resignar-me a esta situação de desconforto.
Vem Divino Morfeu acompanhar o meu sofrimento, sentir a ansiedade e a dor da solidão. A Vossa ausência obriga-me a ser subserviente a esta condição de permanentemente acordado que me tortura.
Embalai-me como o vento embala os poderosos navios e transportai-me para o mundo maravilhoso dos sonhos, para lá dos oceanos e mais perto do céu. Só Vós e a vasteza de Vossos celestiais poderes sois capaz de me adormecer finalmente.
O meu corpo oscila e treme na escuridão nocturna, sacudido pelas batidas ensurdecedoras do meu coração desesperado.
Dizei-me pois Ò Divino qual o sacrifício, qual a oferenda que pretendeis deste Vosso humilde servo, para que Vossa companhia torne a alegrar as minhas noites. Dai-me uma missão, ordenai e sereis obedecido e prometo-vos aproveitar essa dádiva com todas as minhas forças.
Vingai-me desta mal amada insónia que como um tigre me tem prisioneiro em suas impiedosas garras e abençoai-me com a Vossa presença.
Peço-vos a paz Ò Divino,
somente a paz.
António Rios

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Urge uma sacudidela, um vento de mudança para que, tal como há 35 anos possamos melhorar a situação.
País soberano, com uma vasteza de terreno a perder de vista, inaproveitados, onde em tempos não distantes , a oscilação das searas nos lembrava a batida do rebentar das ondas ou o deslizar de um navio pelo oceano...dentro de uma concha, adormecidos nos braços de Morfeu, pais á deriva, num ensaio sobre a cegueira..Impávidos, diluindo-se num lamaçal de crises e recessões .Onde a (in)justiça se agudiza nos mais pobres, deixando impunes os desordeiros, os políticos sem escrúpulos até que um dia ao amanhecer, alguma força, militar ou não, munido da força de um tigre, se aventure a dar ao povo o que é do povo..
E citando Ary dos Santos"
E se esse poder um dia.
O quiser roubar alguém.
Não fica na burguesia.
Volta á barriga da mãe.
Volta á barriga da terra.
Que em boa hora o pariu.
Agora ninguém mais cerra.
As portas que Abril abriu
".
...............Deixem-me sonhar que Abril será sempre!
Bicho-de-conta

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Cartas

Terrível bebé: gosto das suas cartas (um oceano de letras), que são meiguinhas, e também gosto de si (ai, a batida no meu peito…), que é meiguinha também. E é bombom, e é vespa (que o vento não derruba), e é mel, que é das abelhas e não das vespas, e tudo está certo e a Bebé deve escrever-me sempre (vem a carta num navio…), mesmo que eu não escreva (soberana apatia), que é sempre, e eu estou triste, e sou maluco, e ninguém gosta de mim (nem Morfeu) e também porque é que havia de gostar, e isso mesmo, e tudo torna ao princípio, e parece-me que ainda lhe telefono hoje, (dentro de mim, a vontade) e gostava de lhe dar um beijo na boca (situação maravilhosa), com exactidão e gulodice e comer-lhe na boca os beijinhos que tivesse lá escondidos (tal a vasteza do meu desejo) e encostar-me ao seu ombro e escorregar para a ternura dos pombinhos (numa oscilação calculada), e pedir-lhe desculpa, e a desculpa ser a fingir, e tornar muitas vezes, e ponto final até recomeçar, e porque é que a Ofelinha gosta de um meliante e de um cevado e de um javardo (não de um tigre) e de um indivíduo com ventas de contador de gás e expressão geral de não estar ali mas na pia da casa ao lado, e exactamente, e enfim, e vou acabar porque estou doido, e estive sempre, e é de nascença, que é como quem diz desde que nasci (que sacudidela teria levado?), e eu gostava que a Bebé fosse uma boneca minha, e eu fazia como uma criança, despia-a, e o papel acaba aqui mesmo, e isto parece impossível ser escrito por um ser humano, mas é escrito por mim.

(a partir de uma carta de Fernando Pessoa para Ofélia Queiroz)
Zé-viajante

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humano poder

soberano do sono
Morfeu perde-se
na vasteza do
oceano construído
pelo humano sonhar.
tigre já não senhor
da situação. navio
lançado à deriva
pela força do vento
do pensamento.
entre oscilações
batidas sacudidelas
perde-se na imensidão
cega e vazia
que dentro do Homem
se elabora e des-constrói.
TMara/multiply

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e nós

dentro da noite de nós

há mistérios incontidos,
peças de vento
na vasteza de um oceano infindo,
a oscilação de um navio
em indomável situação de vazio

soberano da noite sem voz,
pela savana avança o tigre
ao rufar dos tambores
em monocórdica batida.
A agudeza do seu olhar
em branco e preto tecido
lapida, em subtis fragmentos,
as raízes do dia.

É Morfeu clamando o esmaecido
com a sacudidela de suas teias
Incomensuráveis, densas e finas
Amita

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MÚSICA

Mesmo de olhos fechados sinto aquela batida
Que me encanta e me faz olhar para dentro
E pensar que estou a ouvir o meu morfeu
Neste lugar de sonho aqui no navio
Que parece deslizar neste imenso oceano
Não senti até agora qualquer oscilação
Só esta música como que uma sacudidela
Para que os meus sentidos saiam desta situação
Só vejo uma saída muito soberana
Imaginar estar na selva junto a um tigre
Tendo à minha volta toda aquela vasteza
Mas apenas tenho a cara e o cabelo ao vento!...
Belisa

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Morfeu decide reunir alguns Deuses para promover uma noite de sonhos. Pede ajuda a Hipnos seu pai, que orna toda a vasteza do oceano com papoilas vermelhas.
Como não poderia deixar de ser Zeus é convidado, para que controlá-se a chuva,raios e trovões. Razão soberana do Deus supremo.
Eis que surge Hermes assinalando os caminhos com pequenos montículos de pedras, que os convivas seguiriam como orientação. A seu lado Hades vindo do mundo dos mortos.
Das profundezas do mar onde habita, aparece Posídon, traz ostras para a festa e pérolas para as Deusas. Sente-se o vento com a chegada de Hera a rainha dos céus. Atena chega logo a seguir, numa sacudidela de sabedoria e integridade.
A oscilação ao longe anunciava Hefestos, apesar de dominar o fogo e os vulcões a sua deficiência fisica não passava despercebida. Depois de mais uma vitória no seu curriculo Niké traz oferendas, uma cria de tigre e ambrósia, a alimentação divina.
Acompanhada por seus irmãos Hélios e Eos vem Selene, iluminada pelo luar de uma noite de lua cheia. Dentro de um tornado que à muito rondava o concílio aterra Cronos, já oirado da sua longa viagem.
Faltavam ainda duas personagens que eram esperadas impacientemente.
Batida pela brisa suave, uma beleza estonteante de seu nome Afrodite. Faz-se silêncio, todos anseiam um olhar seu, um sorriso, um lugar a seu lado.
Como sempre Dionisio chega em cima da hora, uma situação que todos perdoam. O vinho, o néctar que ele elegeu para a noite é justificação mais que suficiente para a sua falta de pontualidade.
Todo aquele ópio que as papoilas espalhadas por Hipnos emanavam, lhes toldava a visão. Ao longe o que diziam ser um navio,não era mais do que um delírio.
São místicos os designios dos Deuses.
José Rios

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Urgentes ventos alísios

Estamos, sem o querer, na situação dum tigre adormecido por Morfeu, vagueando a cada sacudidela do mar da vida

a oscilação do navio sobre as águas
diz do vento que chamou a tempestade
a batida da proa no oceano traz o eco
daqueles dias em que sabíamos da vasteza
soberana das águas que corriam calmas
dentro de nós.
nesta jangada sem norte convoco a chegada
de urgentes ventos alísios.
Vida de Vidro

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O

Dia de São Valentim

AVISO: O conteúdo do texto que se segue pode ferir a sensibilidade dos leitores.

Naquela época, e naquele local, a soberana era a girafa. Por muito que parecesse estranho. Tinha vindo num navio misterioso e cabia-lhe contar uma história.

A força do vento era tal que derrubou o tigre astuto que “se enrolara” com a pantera. E, quando a girafa, numa sacudidela elegante se desfez do abraço do leão, a situação complicou-se. Ali, na vasteza da selva, os amores desencontrados dos muitos animais, prenunciavam devassidão. A oscilação do macaco, nas manobras provocatórias de aproximação à iguana, era algo nunca visto naquele território.
A batida vigorosa do coração do gorila, levou a que este se declarasse, sem rodeios, à ursa maior, sua vizinha. E com que enlevo o fez...
Um oceano de amores, naquele maravilhoso dia em que tudo era permitido.
Dentro de cada um havia a satisfação das aventuras vividas, dos amores proibidos. De tal forma se cansaram (e o cansaço era divinal) que todos caíram, regaladamente, nos braços de Morfeu.
Zé-viajante

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SOLIDÃO

Na coberta do navio e apesar da forte oscilação que sa fazia sentir, Maria aproveitou a hora da sesta para, estirada numa das cadeiras que por ali se encontravam para uso e desfruto dos pasageiros, meditar um pouco sobre o seu novo estado civil e, talvez entregar/se um pouco a Morfeu.
Olhava o oceano na sua imensa vasteza onde, de quando em vez, alguns peixes voadores deixavam-se ver em vôos rasantes sobre a água.
Os afagos do vento no seu rosto recordavam-lhe beijos e carícias há tanto tempo sentidas.
A tarde ia, mansamente, perdendo a sua luz para dar lugar a um pôr de Sol, cor de fogo, só possível de observar, naquelas paragens.
Ergueu-se e, com uma leve sacudidela ao cabelo já cor de prata, pegou no seu saco onde um tigre bordado a seda, recordava-a os momentos passados na agradável mas tão remota viagem à India.
A sua situação era agora diferente.
Estava só e dentro do seu peito a batida do seu coração, onde o amor já não era soberano, marcava o ritmo lento, do pesar, duma vida solitária.
Benó

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Arrepio

Dentro de um navio vacilante, sinto a oscilação do oceano. O vento penetra-me a espinal medula. As cortinas fecham-se. O sonho desce da Lua e beija o negro com o seu reflexo. As aspirações mantêm-se. Uma sacudidela e sou levada por um reflexo. A lágrima soberana espera que a vasteza de Morfeu me leve para onde a realidade seja pura como o sonho. Olho aquele tigre esculpido pelas cordas amarradas à terra. A batida do meu coração revela-se forte. Acredito que a ansiedade das borboletas no estômago seja um presságio magnânimo na realização da felicidade. Sinto uma brisa no rosto. Uma situação aparentemente estranha.
Eli

4 comentários:

Amita disse...

Meu caro amigo
O poema que lhe mandei não está completo. Talvez um falha do copy and paste...
No entanto felicito todos os autores pela fértil imaginação à volta das 12 palavras.
Um abraço

Eremit@ disse...

Amita, já está corrigido. Falha no copy paste e...muitos textos - felizmente.
Desculpe a amiga.
Abraço e bom fim-de-semana que se avizinha.

Fá menor disse...

Bom ler mais uma boa colectânea de textos!
Parabéns!

Anónimo disse...

Agradeço a leitura permitida.

Parabéns.

VFS