
Vejam se entendem, pois eu não.
E tenho a veleidade de pensar que me conheço razoavelmente.
Passo a contar:
Os “DIAS DE…”, criados para homenagear, mães, pais, namorados, etc, já são tantos que em cada dia do ano já têm que se encaixar vários.
Na família nunca os valorizamos e sempre considerámos que eram dias “comerciais”, artificialmente criados para estímulos ao consumo.
Os dias, todos eles, são dias de tudo isso, para tudo isso.
Para amar e demonstrar com gestos de ternura e pequenos nadas simbólicos a importância dessas pessoas em nossas vidas, como nos fazem felizes e nos tornamos melhores com elas e por elas, como somos gratos por existirem em nossas vidas…
E esta posição não correspondia, não corresponde a nenhum snobismo da nossa parte, família, mas a uma forma de estar na vida.

Os filhos cresceram, felizmente, e felizmente também, seres autónomos, com projectos e vontade própria. Por isso seguiram seus rumos.
E nós, M. M. e eu, felizes por os ver traçar seus caminhos, bater com a cabeça e dar alguns trambolhões, mas levantarem-se e seguirem em frente, com confiança e segurança.
Ora estando eles fora de Portugal, na época do já longínquo dia do Pai, uns amigos do Porto insistiram que passasse uns dias com eles.
Amigos sendo e daqueles a quem a palavra se adequa na reciprocidade e totalidade.
Chegado o dia iam eles sair, almoçar fora e fazer algum programa com os filhos.
Convidaram-me para ir com eles pois somos uma extensão de “família pelo coração” e eu e a M.M. padrinhos dos dois e de casamento de um.
Achei que era melhor deixá-los sós, pois pelas exigências e ritmo da vida a proximidade não é tanta quanto todos gostariam. A Maria José vive em Lisboa com a família e o Manuel e respectiva família, em Braga.
Escusei-me com uma mentirinha afirmando ter, previamente aceitado, um convite de outros queridos amigos para um passeio a Guimarães.
A verdade é que passei o dia sozinho, deambulando pela cidade do Porto, visitando algumas exposições, indo a Serralves e ao Museu de Arte Moderna e terminando com uma boa caminhada pela marginal do Porto.
Ora para onde quer que me virasse só via filhos e progenitores.
E tal provocou-me um aperto no coração, uma dor que nunca pensara possível.
Nostalgia dolorosa.
E tal emoção deixou-me surpreso.
Ontem ao anoitecer, quando andava a jardinar - vocês nem imaginam como as ervas daninhas aparecem e crescem rápido por aqui – é realmente uma terra criativa, veio-me aquele dia, nomeadamente as emoções e sensações que me tomaram, à cabeça.
A palavra “irracionalidade” pontuava sempre, mas todos sabemos que emoções nada têm a ver com racionalidade.
Sendo já passado foi mais fácil analisar, dissecar, mas não cheguei a perceber bem a totalidade dos sentimentos e concluí que me conheço pior do que pensava.
Já é uma boa conclusão.
Conheci, de mim, inesperados aspectos.
Nota: imagens retitadas da net, sem autoria identificada.