Choveu! E logo da terra humosa
Irrompe o campo das liliaceas
Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
Que vigor no campo das liliaceas!
*
Calquem. Recalquem, não o afogam.
Deixem. Não calquem. Que tudo invadam.
Não as extinguem. Porque as degradam?
Para que as calcam? Não as afogam.
*
Olhem o fogo que anda na serra.
É a queimada...Que lumaréu!
Podem calcal-o, deitar-lhe terra,
Que não apagam o lumaréu.
*
Deixem! Não calquem! Deixem arder.
Se aqui o pisam, rebenta além.
- E se arde tudo? - Isso que tem?
Deitam-lhe fogo, é para arder...
***
PRSSANHA, Camilo (1995). CLEPSYDRA. Lisboa: Relógio D'Água: 105
10 comentários:
Um poeta que conheço e uma obra de referência.
Belo poema. Lembrei-me de outro fogo. O de Camões." O amor é fogo..."
Afinal que seria do mundo sem o fogo. Seja ele qual for.
Beijinhos
Gosto de poesia feita de contradições... onde tudo faz sentido...
E gostei desta mistura de chuva e fogo... equilíbrio!
Deixo um beijo!
Bela escolha.
Há que tempos não lia este autor.
Abraço.
Para Eremita,
Recebi um comentário seu, que agra-
deço, e espero podermos manter este
contacto. Deixo aqui, também, a minha homenagem ao seu apreço por Camilo Pessanha, quer através desta poesia, quer pela obra que infelizmente se tem diluído na memória dos eruditos de agora.
Saudações. Até breve
ai que saudades!!
:)
tão inoocente tão musical...!!
beijO
Olá Eremita
Lindo poema!
Hoje foi bom recordar Pessanha.
Desejo um lindo fim-de-semana
Grande abraço
Caro Amigo,
Um poema simples, mas forte, em que está presente a dualidade agua-fogo. Uma boa escolha, como bem observou um dos seus leitores. Olhe, coloquei hoje no meu blogue o trevo que você gentilmente distinguiu o meu "Luzes". Um abraço e um excelente fim de semana.
:) lindo...
Um belo poema que nunca tinha lido. Obrigada. Beijos.
Foi bom recordar Camilo Pessanha!
Muito bom mesmo...e há que tempos não me lembrava dele!
Bj
Maria Mamede
Enviar um comentário