A tarde cai.
Mansa e dourada pinga sobre nós o ouro que o sol deixou nas folhas das árvores.
Estou aqui, na esplanada do Piolho a ouvir o concerto das gaivotas bem no centro da cidade.
Ouço o coro, de onde ressalta de vez em quando, um altaneiro e orgulhoso solo.
Estão pousadas.
Lá no alto parecem vigias. Quietas.
Só a voz se ouve.
Enquanto isso, bandos de pombas evoluem bailados.
Talvez bailem segundo o concerto das gaivotas.
Urge olhar melhor. Juntar o som com a coreografia.
Por um instante desligo-me das aves que se recortam tão nítidas na sua ofuscante brancura, contra um céu azul no qual os bicos amarelo-alaranjados ganham inesperada dimensão, e foco-me na árvore á minha frente.
Fico como que hipnotizado.
O aparente caos de crescimento dos ramos e das folhas, uma folhagem densa, fascina.
É tudo tão perfeito, tão exactamente perfeito que os olhos não despegam.
Desde o equilíbrio dos ramos, às cores das folhas e do céu, ao suave oscilar com a brisa, à súbita paragem total de movimento quando a brisa amortece e morre naquele abraço.
O olhar sai de mim e viaja pelas copas das árvores até lá ao fundo.
Mansa e dourada pinga sobre nós o ouro que o sol deixou nas folhas das árvores.
Estou aqui, na esplanada do Piolho a ouvir o concerto das gaivotas bem no centro da cidade.
Ouço o coro, de onde ressalta de vez em quando, um altaneiro e orgulhoso solo.
Estão pousadas.
Lá no alto parecem vigias. Quietas.
Só a voz se ouve.
Enquanto isso, bandos de pombas evoluem bailados.
Talvez bailem segundo o concerto das gaivotas.
Urge olhar melhor. Juntar o som com a coreografia.
Por um instante desligo-me das aves que se recortam tão nítidas na sua ofuscante brancura, contra um céu azul no qual os bicos amarelo-alaranjados ganham inesperada dimensão, e foco-me na árvore á minha frente.
Fico como que hipnotizado.
O aparente caos de crescimento dos ramos e das folhas, uma folhagem densa, fascina.
É tudo tão perfeito, tão exactamente perfeito que os olhos não despegam.
Desde o equilíbrio dos ramos, às cores das folhas e do céu, ao suave oscilar com a brisa, à súbita paragem total de movimento quando a brisa amortece e morre naquele abraço.
O olhar sai de mim e viaja pelas copas das árvores até lá ao fundo.
Ao jardim da Cordoaria onde o verde mais escuro de um velho e majestoso cedro me chama e o ouro dos céus se derrama em cascata.
(Nota bene: a imagem das esculturas foi tirada por mim há tempos. no Jardim da Cordoaria, claro. Neste dia não levei a máquina pelo que a gaivota e o cedro foram retirados da net).
30 comentários:
Que bom, rever através das suas fotos este magnifico lugar..Adoro o Porto e já tenho saudades de uma vusita.. Obrigada pela partilha.Um abraço, ell
A natureza e o grande apelo que exerce na nossa vida, ao ponto de a transformar irreversivelmente.
Pode acontecer em qualquer lugar... a abstracção é total.
Um abraço
O fim do dia, é sempre um momento sublime!
E se esse momento for em contacto com a natureza, mais sublime se torna...
A natureza, num fim de dia, é sempre um convite à reflexão...
Olá Eremita
É de uma grande sensibilidade este teu olhar e sentir.
Captaste e descreveste com mestria um lindo momento do dia.
Gostei da tua foto.
Que tenhas um lindo fim-de-semana
Abraço
Eremita!
Um belo texto dum fim de tarde bordado a ouro no Piolho com a Cordoaria como pano de fundo...
Bela foto!
Bom fim de semana.
Beijos
Não conheço, mas foi um momento bonito, transpareceu a serenidade e emoção.
Gosto especialmente da calma dos fins de tarde.
Um abraço da flor
A foto da gaivota é linda. E o Porto é a minha cidade do coração.
Até breve.
Comoveu-me o centro da cidade, o "Piolho", a tarde assim descrita! Efabulação de alma. Abç
beijo.
________________
piano.
Nesse Jardim da Cordoaria assisti, faz tempo, a um belissimo pôr-do-sol que dançava na copa das árvores.
O Porto é uma cidade que sempre me fascinou.Os seus jardins com árvores seculares, imponentes, as gentes, simpáticas, hospitaleiras, o Douro que a banha sem cansaço, as gaivotas que o sobrevoam, o casario que desce até à Ribeira... tudo me encanta.
Gostei do teu post, das sensções que nos transmites e das fotografias.
Beijinhos
escrição de emoções. Aquele cedro é um cedro do Líbano, não é?
Em Lisboa há (espero) uns muito belos num jardim de que agora esqueci o nome, junto à estátua do Médico k dizem fazer milagres. Há em mais locais, mas pessoalmente gostava muito daqueles e dos seus pavões.
Bj e paz
Motivo de força maior obrigou-me a uma ausência não prevista.
Assim não me foi possível em tempo oportuno agradecer a gentileza da oferta do amuleto da sorte. Mas hoje quero aqui deixar o meu obrigado pela sua atenção.
Irei também nomear outros amigos.
Hoje ando numa roda viva para chegar a todos os amigos mas voltarei mais calmo para ler o que partilha connosco.
Um abraço.
Meu caro,
Um texto que nos pega pela qualidade da escrita e pela percepção de coisas que só as pessoas sensíveis percebem e curtem. Um abraço e uma grande semana.
"No escuro nada via perdido fiquei
Seria eu Homem ou apenas menino"
Aqui deixo o convite para visitares o meu humilde albergue .
Uma boa semana .
o jardim da cardoaria é lindo... fica onde ??? teu blog é muito interessante e fico feliz de estar entre teus links... inclui vc nos meus... boa semana pra ti também...
ricardo
Homem do sul muitas vezes tive de me deslocar, em serviço, ao Porto.
Habituado à luminosidade viva do Alentejo e até mesmo de Lisboa, confesso que as primeiras impressões não foram as mais favoráveis.
Mas, só, nos dias de descanso,corri o Porto e comecei a gostar da sua arquitectura, do seu rio, do seu verde, da sua gente e da sua luz.
Agora e sempre que posso vou revisitar esta cidade porque gosto do Porto.
Abraço
A noite cai e o silêncio em que tudo mergulha, traz-me à lembrança certas noites passadas no Porto, junto ao Douro, ouvindo o rumorejar das suas águas.
Beijinho
Bonito momento de meditação e plenitude!
A unidade do que somos com tudo o que é!...
Que lindo momento em harmonia com a natureza ao som das gaivotas.
Lindo texto, Eremita!
Sim tudo é tão perfeito, e diariamente passamos por esse perfeição da natureza sem darmos por ela
abraço
Tenho um grande fascínio pela cidade do Porto,mas quando lá vou,levo a minha companheira de viagem( máquima fotográfica) assim ficam as memórias.
Bom início de semana
Bjs Zita
Ps.Tenho mais fotos de Sines tiradas,vou postá-las no próximo post.
... um recanto de um Porto sentido, muito bem coreografado nesta tua prosa.
abraço.
Boa noite Eremita,
...uma viagem feita de paz e serenidade foi o que fiz ao ler este seu belo texto..sim..viajei nas palavras...
Um beijo de boa noite!
Que optima tarde deves ter passado!
Já estive nesse jardim, é muito bonito!
Beijocas
conheço tão bem esta matéria
que
a tua escrita me traz
/com outras vozes ...:)
Já ando a dizer que tenho que voltar ao Porto urgentemente. O tempo passa...nada!
Vou matando as imensas saudades de passear por vários sítios de referência, com calma, com tempo...
Gaia, ponte D. Luís (sentir a aragem...), Batalha, Jardim e Biblioteca Municipal, Avenida dos Aliados a correr (estou-me a ver, como se fosse hoje, a correr avenida abaixo, cheio de dores após uma pequena cirurgia a furúnculos tratados ao vivo, com terramicina!!!!!, puto, 17 anos para aí, anos 60, estudante fora de casa), Rua do Almada, Praça dos Leões, Jardim da Cordoaria (já nem me lembro bem dele; se calhar está muito diferente), Foz, Passeio Alegre, Castelo do Queijo, neblina, Boavista, Cedofeita, Monte dos Burgos, ah o "Carlos Alberto" de então (2 filmes por 5 paus), os alfarrabistas por ali perto...
...Tenho que lá voltar e andar
dias a fio a passear
sem pressas, a recapitular...
...
Um abraço
António
uma viagem pelos coloridos, pelos sons, odores...
oport
que não conheço...
abrazo desde a Lua, yaya
a nossa cidade é linda, é pena que agora tenha muito alcatrão no lugar que outrora eram jardins.
Beijo
um pouco eremita...voltei.
discretamente.
beijo.
/piano.
Enviar um comentário