porque não há longe nem distância... estou mais perto do azul e da luz_____________esta mostra-me coisas que não via _________a vida, viagem cheia de apeadeiros caminhos e atalhos___vivo ___________deixo que a consciência se torne UNA.
I
Sentir...Azul...Sentada no alpendreVislumbro o céu na manhãQue se entrecortaCom o azul do marE se mistura com oAzul da tapeçariaOnde repousoos meus pensamentos...o orvalho deslizapor entre as rosas feito canção...Pego na penaPara escrever,Mas...Desenho a silhuetaDe uma criançaDa criança que fuiE sinto a minha vulnerabilidadeQue tento afastarE outro esboço,Entre o limiteE o ambíguoDesenho a morteE risco...Não vou morrer ainda...E fito o marQue me leva…e elevaConselheiro de tantos momentosE sinto a obstruçãoDos meus pensamentosQue voltam a repousarNos azuis à minha voltaE uma paz me invadeElevada ao exponente máximoDe calma e tranquilidadeEnquantoO mar calmo, imensoContinua a desenhar o azulDe calma, de ser e existir...De mim...Dair
II
Ao longe a mãe observa, mas nada mais distingue do que uma pequena, quase translúcida silhueta no longe.Sabe que é o filho que corre veloz pelos campos. Os sapatos jazem perto dela.Onde ele os largou e abalou à desfilada campos fora.Com a mão direita imita uma pala sobre os olhos, a fazer sombra.Uma brisa levanta-se. O cabelo esvoaça-lhe pelo rosto tapando-lhe a visão.Com a mão esquerda - não quer desviar os olhos do filho - tenta afastar o esvoaçante cabelo da frente dos olhos de forma a não lhe tapar a visão.Sorri ternamente lembrando a frágil figura do filho, leve como uma pena na sua aparente vulnerabilidade física que tanto preocupa o pai, conselheiro de estado, emergente e exponente figura da oposição que, por todos os meios, faz obstrução ao governo, com a mesma tenacidade - quase obsessiva - com que segue todos os conselhos, prescrições, dietas, que acredita o ajudarão a combater, a enganar, o tempo, a vida, a morte, por mais uns anos, na busca de uma aparente eterna juventude.Eremit@
Era ousada, confiante, sem vulnerabilidades.Não admitia qualquer obstrução, desconhecia o sentido, melhor, a existência do medo, mas não de forma inconsciente.Inquiria e ponderava, elaborando um plano para a acção, como se escutando a voz de um conselheiro que lhe indicasse o caminho. A melhor forma de agir.Aquela criança era, para ele, suave orvalho sobre sequiosa terra, bálsamo de seus dias após a morte da mulher e da filha e com um simples balbuciar conseguia afastar toda a tristeza e dor.Recordou o dia em que se decidiu pela adopção e se apresentou nos respectivos serviços como exponente aguerrido, determinado e seguro do seu direito, enquanto homem só, viúvo, a adoptar uma criançaQualquer criança. Sem imposição de critérios ou exigências.Lembrou o dia em que foi ao sótão buscar a tapeçaria que Isabel fizera para o quarto da filha.Nela incorporara todos os seres, mitológicos e virtuais, os de contos, filmes e desenhos da própria e da predilecção de Maria Teresa.Usara materiais vários que ambas recolhiam nos passeios pelos jardins e praias, desde folhas, vidros coloridos, penas…Tudo o que de belo encontravam e as fascinava…No estilo naiff, a tapeçaria era belíssima e cheia de magia.Há muito saíra da parede da cabeceira de Maria Teresa e fora arrumada no sótão.Enquanto olha João brincando, afoito no mar, recorda a manhã em que a foi buscar para redecorar o quarto da sua ou seu futuro filho. Lembra-se de na altura haver pensado que seria um óptimo elemento decorativo porque fora tecida com amor.Estava impregnada de amor e irradiava-o.Seria um bom acolhimento para a criança que aí vinha.Saltando entre a rebentação João chamou-o. - Pai…anda cá paiiii….Levantou-se sorrindo e foi ao seu encontro. João, com a sua voz de criança, mas com uma segurança invulgar para a idade, disse: - Pára! Pára aí pai!Parou, curioso.João veio ter com ele. Andou em círculos, ao seu redor, calado e muito atento. Depois agarrou-lhe as mãos, ordenando-lhe que rodasse num determinado sentido e, súbito disse, com voz de comando: - Está bom pai. Fica quietinho.Viu-o baixar-se e, com um seixo que trouxera da rebentação, começar a desenhar o contorno da sombra, um pouco alongada pela luz do sol ao encontrar o obstáculo de matéria que o constituía, deixando no areal uma silhueta distendida.Sorriu.Perguntou-lhe: - João, como queres que coloque os braços?
Amla
Carlos Sobreda deambulava pelo Chiado abstraindo-se da modernidade que o rodeava. Mas a Brasileira, onde parou para um café, não perdera a dignidade característica dos outros tempos. Porém, sentado cá fora, estava um Pessoa que não podia desmultiplicar-se a não ser nas fotografias dos turistas e que lhe lembrava um homem estátua que vira em Paris. Olhou de soslaio para aquele Pessoa, esperando no seu íntimo, que este se levantasse e partisse.A manhã nascera de uma neblina invernosa mas tornara-se soalheira, e a sua silhueta desenhava-se na calçada com perfeição matemática, acompanhando-o sem a delicadeza de um pedido. Para Carlos Sobreda aquela duplicidade imposta zombava do domínio quase perfeito que tinha sobre tudo que lhe dizia respeito.Ao passar pela Bertrand deteve-se a contemplar a montra e os livros que estavam expostos. Tinha esse hábito desde criança. Não conseguia passar por uma livraria sem ficar hipnotizado por ela.No entanto, os acontecimentos do dia anterior não o abandonavam. Desta vez voltara a Lisboa para um último adeus. Tinha ido ao enterro de um velho e grande amigo, Luís Antunes. Desempenhara o papel de "conselheiro particular" de Luís ao longo dos anos, mesmo de longe, porque afinal era advogado e o outro, mais dado às artes, saltitava entre a pintura e a escrita conforme os humores - ainda que nunca tivesse chegado a exponente máximo nem numa coisa nem noutra. Ingénuo, quase acabara a experimentar alguns amargos de boca quando resolvera enfiar-se de cabeça num negócio de tapeçarias sem sequer pedir opinião a Carlos. Não que este, como advogado percebesse de tapeçarias, mas tinha olho para afastar os incautos dos caminhos inseguros em matérias de ordem prática.Carlos Sobreda entrou na Bertrand a reflectir sobre a vulnerabilidade do ser humano, sabendo que não havia obstrução jurídica nem pena máxima a aplicar a quem administrava o destino de forma tão invisível. Ali estava ele a escolher um livro enquanto as coroas de flores que enfeitavam a morte de Luís certamente se haviam enchido de gotas de orvalho que disputavam pétalas que também acabariam por fenecer.Concentrou-se nas estantes da livraria. Percorreu-as devagar e desta vez não lhe foi difícil encontrar o que queria. "Conversas entre Lisboa e Paris" de Luís Antunes. O único livro que o amigo nunca chegaria a entregar-lhe em mão.
Raquel
Há cerca de dez anos e até um pouco antes, o jornal DN, publicado de manhã, tinha um passatempo denominado Cem Palavras. Dado o tema, teríamos que escrever o texto em exactamente cem palavras. Tenho pena que nunca mais repetissem. Hoje, quase no fim do prazo para compor doze palavras, quero afastar o receio de perder o norte e nada escrever. (Voltei aqui pois a palavra morte e não norte...) Não, não é brincadeira de criança (se é, trata-se da meninice de um velho). O sono é bom conselheiro e ditou-me que, face à obstrução de ideias, só havia uma coisa a fazer: não desistir. Feita a tapeçariasde letras, que numa silhueta singela, se vão acomodando, resta-me dizer-vos que as palavras em falta, e são três, dão pelo nome de exponente, orvalho e vulnerabilidade. Batota na redação (ou redacção?)? Acreditem que não.Zé Viajante
Que afago tapeçarias suavesE traço a silhueta da luxúriaCom uma pena de sonho permanente.É no orvalho do desejo derramado,Sem a obstrução de juízos adormecidos,Que da morte nos acordamos acesosQuando a inflamada manhã nos sorri.És o exponente da minha fraqueza,És criança e mulher de raiz no teu sol,Onde me aqueço e me entronco mais forte.O teu ar é o conselheiro que me atraiPara te afastar de memórias a gritarNas brumas que te matam em silêncio.Nilson Barcelli
Boa leitura.
O que nos é pedido:. Com seis palavras escrever uma "muito curta" biografia ou conceito.. Podemos dar-lhes ênfase com uma imagem.O que devemos também fazer:1. Colocar um link para o/a desafiador/a;2. Desafiar cinco blogues;3. Deixar-lhes aviso para “valsarem”.
Convido para abrir o baile com nova "valsa":1 - Loucuras da Dair2 - Eu Estou Aki3 - aArtmus4 - Atelier da Benó5 - Repensando
Maestro, que comece o baile!
E aqui um slide-show sobre as hipóteses de "suavidades" que me fizeram hesitar entre uma delas no Palavra Puxa Palavra
- Janela do Ocaso- A Páginas Tantas- Chuviscos- Lugar de Paz *- Auxiliar de Memória
* Este blogue é, verdadeiramente, um espaço de paz e em cada post há uma mensagem ou outro ensinamento que ajuda no nosso crescimento integral. Vale a pena conhecer e visitar apesar de a proprietária não ter comentários, pois é outra a lógica.Vale a pena visitar regularmente.