Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão — felizes! — num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."
Morrer mais completamente ainda,
— Sem deixar sequer esse nome.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A exangue máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão — felizes! — num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.
Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?
Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.
Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome num papel
Perguntem: "Quem foi?..."
Morrer mais completamente ainda,
— Sem deixar sequer esse nome.
Manuel Bandeira
9 comentários:
Manuel Bandeira sempre excelente!!! Obrigada por este poema...beijos.
Um bocadinho triste, meu amigo.
Sempre presente em nossos corações.
Abraços apertados daqui, da Europa, nosso velhinho continente.
Quando voltas??
Sê Feliz!
Um poema de excepção. Daqueles que lemos e sentimos como gostaríamos de o saber ter escrito.
Obrigada por esta partilha.
Bj
Luz e paz e melhoras DE VEZ ;)
Com o Manuel Bandeira, isso nunca acontecerá!
As melhoras:))
"Daqueles que lemos e sentimos como gostaríamos de o saber ter escrito."
Razão tem a Conceição no que diz pois sinto isso mesmo.
É por isso que as palavras são tão importantes... são as palavras que nos mantêm vivos.
Foram as palavras que li à minha mãe, de alguns dos textos que entraram no jogo que deu origem ao livro "22 Olhares sobre 12 Palavras" que me farão sempre recordá-la sentada, na beira da minha cama, a ouvir-me. Como se o livro tivesse sido impresso antes de o ser.
São as palavras calmas, suaves... ou até gritadas... as palavras impressas, expressas... pensadas... que nos mantêm vivos...
RV
morre.se por um nome.
ele morreu com UM.
_______________abraço.
Simplesmente ....Manuel Bandeira!!!
Só poderia ser excelente.
Bjs
Ah Manuel Bandeira!...
Comprei há poucos dias, mandaram-mo de Lisboa (um amigo a meu pedido), "Estrela da Vida Inteira". Poemas fantásticos que já conhecia, alguns, escrita sublime.
Obrigada.
Belmira
alguém sabe me explicar o que ele passa nesse poema para os leitores!?
desculpa a miinha ignorancia, ok!
é para um trabalho e realmente não gosto muiito de literatura!
muito obriigada
beeijos
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