quarta-feira, novembro 07, 2007

amigas e amigos

parece que não faço mais do que explicar-me das ausências.
Já nem sei há quanto tempo estou em Lisboa. Aqui sim, posso afirmar ser um autêntico eremita.

O tio Zé Carlos, tio avô da M.M, meu amigo desde k me lembro de ser gente apesar da enorme diferença de idade - tem agora 92 anos -, meu mentor e ponte entre mim e M.M, adoeceu com uma penumonia.
Apesar da idade é um homem auto-suficiente - bom, não tanto que dispense uma boa empregada para ter a casa, roupa e alimentação sempre em ordem, mas com a idade que tem não é de admirar - lúcido e com um humor corrosivo mas tão ceerteiro que nos faz ficar com a cabeça à roda. Amo este homem desde menino - meu pai que me perdoe pois foi sempre um excelente pai e ser humano, mas creio que em criança cheguei a desejar que fosse o tio Zé carlos o meu verdadeiro pai. E sabem porquê?

Porque apesar da enormíssima, naquela altura era mais para o abissal diferença de idades, este tio social, mas principalmente tio de coração, nivelava-se a mim, sem nunca perder seu papel de educador, duma forma que eu nem dava por ela, e entrava em todos os jogos e peripécias que desde a infância fui criando e jogando.
Foi sempre - sempre que presente - meu companheito de brincadeiras.

Sem negas, sem desculpas de falta de tempo, sem vergonha do que os outros pudessem pensar por o verem homem feito e...refeito, de gatas, trepando árvores...o que fosse.
Agora que penso nisso rio e ele comigo. A imagem dele, que é homem de compleição alta e larga, de gatas jogando ao berlinde comigo onde quer que fosse, passasse quem passasse...

Bom, imaginem vocês. Um miúdo franzino de 6 , 7 anos nessa atitude e, a seu lado um homenzarrão que, mesmo de joelhos equivaleria minha estatura.

Por tudo o que me deu e foi tanto, que nem que ele viva 500 anos lhe poderei retribuir mal o soube doente zarpei. E logo ele que nunca adoece nem se queixa.

Está a recuperar, ou recuperado como diz, mas ainda por aqui estou.
E ambos nos temos divertido nesta mútua e ampla cumplicidade de vida e afectos comuns.

Mas sinto-me mais eremita - no sentido de isolado - aqui.

Ele mora na zona do Lumiar e como o tempo tem estado bom e o médico autorizou, de vez em quando, damos passeios na Quinta das Conchas, quase vizinha.

E a maioria dos passantes estranha quando, muitas vezes em coro, dizemos: bom dia.
Olham surpresos procurando a quem nos dirigimos.

Mas nós por cá andamos espalhando os nossos boms dias.

Se virem dois homens, um mais velho mas sem aparentar a idade que vos disse, alto, escorreito, cabeleira branca e outro uns 8 a 10 cm ( 1,74) mais baixo passeando e largando sonoros e alegres bons dias já sabem que, provavelmente, passaram por nós.

Deixo-vos uma foto do "«Sabichão" assim ele o baptizou mal nasceu.´

P.S - homem do futuro à net não aderiu nem adere.

Diz que há sobre-informação. Tem computador que veio substituir a sua máquina de escrever, mas só o quer para essa função.