terça-feira, dezembro 04, 2007

apetecem-me as flores


passeio as ruas de Lisboa, cidade luminosa, com uma luz especial. Dourada, aconchegante e doce na sua suavidade.

Há outras cidades com luzes especiais, mas esta da nossa Lisboa fascina.
E as luzes de néon, invasão luminosa, falsamente quentes acalentam as almas, iludem as mentes como se o Natal fosse uma verdade universal aqui , próxima de nós, em fraternidade e justiça social, sem pobreza, fome, guerra, doenças em abandonadas esquecidas camas ou recantos ignotos do planeta, onde o chão é a cama possível - mas ali, um sem-abrigo, afofa a cama feita com cartões e mantas, se é que o são. Retalhos de tecidos parecem.
As luzes brilham.
Dão um falso tom dourado à noite e parecem aquecer de tanto ouro que projectam, mas encandeiam e os sem abrigo, todos os desamparasdos da vida, ficam ainda mais escondidos de nossos olhares.
Por isso também me apetecem as flores.
Captei-as nesta janela, durante o dia porque à noite as luzes ofuscam-nas e escondem-nas de nosso olhar.
E porque as luzes me não encandeiam, mas abrem feridas de dor em meu ser apetecem-me as flores. Vivas, verdadeiras e belas.