segunda-feira, abril 28, 2008

e o 3º Jogo das 12 palavras está no ar.....

afastar - conselheiro - criança - exponente -
manhã - morte - obstrução - orvalho - pena -
silhueta -tapeçaria (s) -vulnerabilidade (s)


Ora vamos lá a deitar as mãos e tudo o mais que necessário for, à obra e ...BOM TRABALHO!
Aproveito para lembrar que os textos me devem ser enviados, o mais tardar até 21 de Maio.
Até 27 de Maio farei a postagem.

terça-feira, abril 22, 2008

2º JOGO DAS 12 PALAVRAS - 1ªPARTE

Dando continuidade ao nosso "Jogo das 12 Palavras", aqui ficam, em duas postagens, os textos enviados para o 2º.
*
No tocante à periodicidade, segundo a vontade expressa pela maioria, o Jogo passará a ser MENSAL - 17 votos para mensal; 3 votos para quinzenal; 2 votos aceitando qualquer uma das periodicidades; os restantes participantes não se pronunciaram, mas a maioria é clara.
*
Por email acordaremos datas para o 3º jogo que posteriormente aqui postarei.


Passemos ao que mais importa. Os textos:


I
Vida


apesar de te quererem

sombra envolvente

és um degrau de sol

uma linhaviagem entre flores

és uma ténue caixa de chocolate
aberta sem licença
rúbens da cunha
II

Linha da vida

Cansado da viagem, sentou-se no primeiro degrau da estreita escadaria que levava ao pequeno largo. Ali estava à sombra, e uma ténue brisa atenuava o calor da tarde.
*
Uma jovem mulher pediu-lhe licença para passar, levando nos olhos cor de chocolate o sol incandescente da alegria, e nos braços uma caixa com flores
*
Perturbado, seguiu-lhe o ondear envolvente da linha das ancas, que afinal não era senão o ondear sedutor da vida, desafiando-o.
*
Manteve-se, contudo, sentado na sombra. Ainda demasiado cansado.
Justine


III

As Palavras

São-nos oferecidas, as palavras, como peças de puzzle para completar, acomodadas em caixa de cartão com letras e desenhos de meninos na tampa. Surgem na boca dos recém-nascidos em pedaços de sons misteriosos e brincam com eles, entre risos e lágrimas, até adormecerem por momentos nos braços do João--pestana. Tocam-se entre si, primeiro ao de leve, como estranhos, mas depois, pouco a pouco, vão-se reconhecendo dentro da vida envolvente onde crescem e, de tanto se escutarem, acabam por se dar as mãos e dançar a música das sílabas. Não pedem licença para se fazer ouvir, pois não, e atravessam a sombra do desconhecido com todo o à-vontade de criança que sobe um degrau de escada quando quer chegar aonde a curiosidade a leva, sem que a dificuldade lhe empecilhe o passo e a determinação. De repente… Ah! O menino disse uma palavra! Ainda que pequena, é uma palavra com sentido, e a franzir-lhe o sobrolho: Não! Outras surgirão, em linha de sucessão, à semelhança das famílias reais, poderemos dizer, porque todas elas fazem parte de um reino de significados e entendimentos vários que é o da comunicação.
*
No jardim há flores de muitas cores, e pássaros de asas abertas.
*
Sim, no jardim há flores de muitas cores, e pássaros de asas abertas, meu querido.
*
Repetir as palavras do menino, dizê-las devagarinho dentro de um sorriso, enquanto ele desenha o mundo na folha de papel branca que cobre a mesa onde apoia os bracinhos… É como sentir a doçura de chocolate a derreter-se na boca, é sol a aquecer-nos nesta nossa viagem terrena. Ainda que saibamos quão ténue é por vezes a luz dessa bola amarela pintada no céu.
M

IV


Recordando!



Voltei àquela casa da minha infância
Senti que o tempo recuava…
Nas paredes havia ainda
Fotos das festas, das brincadeiras,
Do chocolate á volta da lareira
E do sol ao entardecer
Que beijava as flores no jardim,
E fiquei extasiada, encantada...
Como se tivesse aberto a caixa,
O baú das recordações
E vi a linha da
viagem da vida,
A licença para a felicidade!
Em cada degrau do caminho,
A promessa de um sorriso,
na envolvente aventura da vida
E a certeza de que quando
A minha força foi ténue
E chegou a hora da sombra,
Lutei...lutei
Até que viesse a luz,
Para me inundar,
e me levar mais além
Para continuar a viagem da vida!
elsa nyny



V



Na vida...


Nesta viagem a que chamamos vida, quantas vezes não deslizamos, escorregamos, derrapamos, em piso molhado, saturado de sabão? Vai-se subindo degrau a degrau à procura de um lugar ao sol ou de uma sombra refrescante. Mas o meio envolvente está pronto a pregar-nos partidas e é precisa toda a atenção. Cada estrada que se percorre ou cada degrau que se sobe, não é mais do que uma ténue linha de seda entre o que se sabe e o que se desconhece. Do lado de lá, a doce tentação - uma caixa de bombons de chocolate e um bouquet de flores. Mal nos aproximamos e eis que, sem pedir licença, uma abelha escondida numa flor, vem ferrar-nos o nariz, quando, daquela, apenas queríamos o odor!
fa menor
VI

Entardecer


Uma ténue linha de um raio de sol ilumina as flores do vaso no degrau por onde a sombra já se estende alongada.
*
Sentado neste recanto, onde a envolvente vida dos arbustos me protege do vento, estendo a mão para a caixa e retiro um chocolate.
*
Ergo os olhos do livro de viagens e observo o gato a espreguiçar-se para de seguida, na liberdade que lhe é característica, sem necessitar autorização ou licença, dar uma volta sobre si e voltar a enrolar-se aproveitando o último calor do sol.
*
Deixo-os diluir e fundirem-se nos meus afectos. Sol, gato e chocolate.
Eremita

VII



Depois de Abril …


Depois de ti a minha vida é sombra
De uma alma morta e em viagem
Procurando um espaço onde me esconda
Dessa ténue linha de miragem.
Que me persegue sempre, inclemente
Transportando, aonde vá, o teu olhar,
Tanto mais fuja eu, mais envolvente.
Por mais que ao sol eu queira entregar,
Esta dor que em mim marca presença
E que de mim não sei como afastar,
Tomou-me a alma inteira sem licença
E eu ando sempre nela a vaguear…
Subo a escada da louca fantasia.
Desço, degrau a degrau, em agonia.
Procuro-te no ar, roubo-te à lua, à aurora
Tudo se esvai, como se aberta a caixa de Pandora …
Plantaste-me no peito tantas flores
Nos lábios, trazias chocolate e carinho
Depois partiste, abandonando a ilha dos amores
E entraste neste mar em que te espero, sozinho…
Maria

VIII


SAUDADE


A viagem tinha corrido bem chegando agora ao fim da linha.

*
Subí aquele último degrau e bati à porta nervosamente, de coração apertado, ainda com a ténue esperança de te ver aparecer...
*
Desta vez não foste tu quem me deu licença para entrar, nem foste tu quem me veio abraçar na alegria do reencontro, nem eu estava tão preparada para essa realidade que me esperava
*
Desta vez, nem o mar, nem o sol nem os velhos amigos conseguiram arrancar a tristeza que foi crescendo dentro do peito.
*
O velho cadeirão onde te sentavas a ler, a esplanada da praça onde todos os dias paravas para um café entre amigos, a caixa do teu chocolate predilecto, as flores que gostavas de tratar, a mesa de pedra do jardim onde nós e tantos dos nossos antepassados se foram sentando ao longo de gerações em tardes cálidas e envolventes de verão... tudo estava lá e, tudo me falava de ti...
*
A velha mesa continua solidamente implantada sob as ramagens frondosas dos carvalhos seculares naquele recanto do jardim, contudo já não se ouviram histórias nem risos, apenas a sombra e o silêncio deixado por ti.
*
O não querer aceitar o facto de teres partido, ainda que inconsciente, o querer acreditar que tudo não passou de um pesadelo, foi duro, e doeu como o "caraças", sabias? Claro que sabes.
*
Mesmo sabendo-te sempre a meu lado, não é fácil evitar este vazio que sinto dentro da alma.
*
Esta dor de saudade que o tempo teima em não ajudar a esmorecer.
*
Mas a vida continua, eu sei que nos vamos encontrar um dia, lembro-me até de me teres dito que todos seguimos no mesmo comboio e que todos temos o mesmo destino, com a única diferença que uns ocupam as carruagens dianteiras e outros seguem mais atrás, eu sei, não me esqueci, mas tenho... tenho tantas saudades tuas pai...
Micas



XIX

Abrira sua porta, no meio da noite fria e solitária. Para surpresa, ali estava algo, a sua espera. Mas, precavida, não quis ir de encontro com sua ansiedade, que lhe tomava por dentro. Observava cuidadosamente o tamanho da caixa aberta. Chocolates franceses lhe tentavam, mas quem saberia disso? Será que não haveria um engano? Quem poderia, nessa sombra de destino, lhe enviar aquele voto de amor envolvente? Um pouco mais abaixo, no degrau escuro do prédio, havia pétalas, traçando uma linha que ela deveria seguir. Certamente, quem enviara isso, conhecera seu senso investigativo. E foi a caminhar, coração na mão, por aquele rumo desenhado. Parecia flutuar, tamanha sua expectativa. E longo era esse finito de curiosidade. Deu-se, no final com ele. Ele, seu grande amor, que ali esperava. Ele, que com o olhar ténue, a recebia com flores nas mãos. E ela aproximava-se. E ela chegara perto daquele que emocionara sua vida. Suas mãos moveram ao seu encontro. Mas, ao pedido de licença, sentiu um raio de sol invadir seus olhos. No trem, banhada pelo vento que insistia em rebeliar seus longos cachos, acordara de um sonho lindo, onde o amor lhe parecia ser uma eterna viagem...
auréola branca

X
O Piquenique

Hoje, recordo, com saudade o primeiro amor da minha vida. Foi com ela que eu senti a primeira grande paixão de amor.
*
Era domingo, encontrámo-nos de manhã e pensámos fazer um piquenique.
*
Foi um pretexto para estarmos sós e contemplar, com emoção, toda a natureza.
*
À tarde iniciámos a pequena viagem até à margem do rio e caminhámos por estreitos caminhos rodeados de flores até chegar junto dele.
*
Lá, estava aquela grande árvore com mais idade que nós, projectando no chão a sua sol
*
- vamos fazer o nosso piquenique ali!
- disse eu.
- é boa ideia! - disse ela.
*
Depois, ficámos ali muito juntos e por um momento contemplámo-nos. Foi uma visão maravilhos: o sol ainda distante da linha do horizonte e o cheiro das flores tornavam a atmosfera envolvente.
*
Sentámo-nos e ela colocou no chão a sua pequena cesta, feita de verga, com flores decorativas, e eu retirei do bolso maior, do blusão encarnado, a caixa que continha um chocolate: eu queira tornar aqueles momentos inolvidáveis.
*
Depois, esquecemo-nos de tudo aquilo que nos rodeava. a minha visão tornou-se ténue à medida que o meu coração pulsava mais e mais, a cada momento que passava e a minha paixão aumentava degrau em degrau.
*
Subitamente um impulso enorme fez explodir a minha racionalidade e o fogo do amor irrompeu e eu, sem lhe pedir licença abracei-a; as nossas bocas uniram-se até consumirem os nossos ardentes desejos.
Literatura
XI
Tempos que se fizeram presente


Resquícios de sol apagavam-se na linha do horizonte enquanto um homem cauteloso descia degrau a degrau a desgastada escadaria de uma das colinas da cidade. Valia-lhe o corrimão de ferro, colocado ali muitos anos depois da escadaria, a tinta já descascada pelas estações que se haviam sucedido sem apelo nem agravo como o tempo na vida das gentes.
*
Levantou a cabeça e viu o Tejo enquadrado por um corredor de prédios antigos. Candeeiros a condizer com a paisagem, em belo ferro forjado, feitos para perdurarem, começavam a acender-se, projectando a sua sombra, para que não se sentisse perdido.
*
Empreendera a viagem com uma caixa na mão e um pequeno ramo de flores na outra, num malabarismo com a escadaria e o corrimão que o ia socorrendo naquela descida íngreme e algo desconcertante.
*
Ia ao encontro da que havia um dia amado com todo o fervor.
*
A última vez que a tentara ver - tão jovem… - os pais dela não lhe haviam dado licença para tal. Viviam no Restelo, zona que só pelo nome tinha o peso de um cartão de visita imponente. Também dali se via o Tejo – curiosa coincidência - e ele sentira-se pequenino, pequenino, à porta do casarão onde lhe fora vedada para todo o sempre a entrada.
*
Ao longo dos anos, na Praça do Comércio, via o Tejo e deixava de estar no presente para voltar à recordação envolvente mas triste do casarão do Restelo. Porque afinal era dali que ela lhe escrevia cartas de amor que o deixavam a suspirar noites a fio…
*
Os anos tinham passado e ele tornara-se num homem habituado a ser conduzido e não a deambular periclitantemente nas zonas velhas de Lisboa. Olhou para os números das portas. Se o seu secretário e confidente não se tivesse enganado nas buscas que empreendera, estava na porta certa.
*
Havia como que uma ténue sensação de abandono, novamente a tinta lascada desta feita na madeira antiga da porta. Mas podia reparar-se numa janela, mesmo ao lado, com cortinas feitas em croché num ponto delicado que não vira em nenhuma das outras janelas que observara no trajecto pela cidade velha.
*
Não, a Mariana não o pode ver porque está a estudar piano.”, recordou-se ao ouvir a sonoridade suave de um piano.
*
Encheu-se de coragem e tocou à campainha, já as sombras envolviam a capital por completo. A porta abriu-se como se o receio tivesse ficado guardado para outros locais da cidade, e uns olhos azuis sorriram interrogativamente.
*
Ele não conseguia falar. Entregou-lhe as flores, as suas favoritas, e a caixa que trouxera com tanto cuidado. E ficaram num impasse. Sem o convidar a entrar, ela colocou as flores numa jarra de cristal que só parecia condizer seus olhos azuis e depois, virou-se para a caixa qual menina curiosa num corpo de mulher mais velha e abriu-a. E ali estava um delicado coração de chocolate no meio de inúmeras cartas de amor com a sua letra.
*
Uma lágrima escorreu pela face de Mariana, não sem que antes tivesse tempo de dizer, “Entra Sebastião!”.
Raquel

XII


Meu querido sol, há quase um ano que te escrevo estas missivas sempre incompletas, por faltar uma resposta que lhes ilumine o caminho até à tua caixa. Quando elas te encontrarem nesse ermo para o qual partiste flutuando entre negras névoas, pedirei licença à linha ténue que separa a bruma da sombra e… sem chorar, entregarei a minha vida neste conjunto de cartas manchadas pelas lágrimas, outrora quentes, arrefecidas pela aspereza do tempo. Questiono-me acerca da tua coragem para subir o degrau do amor restrito e me dares aquele abraço envolvente que só o sentimento mais profundo é capaz de assumir. No entanto, esta nossa viagem precisa de ser feita. Entregarei meu corpo ao toque de flores e reconhecerás na minha voz o sabor a chocolate.

(continua na 2ª parte)

2º JOGO DAS 12 PALAVRAS - 2ª e última parte

Começamos esta 2ª parte de postagem dos textos do 2º jogo das 12 Palavras com um texto de Isabel Mendes Ferreira que respondeu de jacto ao meu desafio nos comentários.

Como ela, IMF, disse: “fiz ali mesmo de repente só para te mimar...”- no máximo 10’ depois de lho fazer nos comentários do seu PIANO.

Pedi-lhe autorização para aqui o colocar, pois reparei que muitos de nós somos leitores assíduos de sua escrita.
« (...) brincar.
e só e apenas porque sim, assim:
00
"Viagem em que envolvente te envolvo, faço-te flores como quem abre a caixa do
sol que desnuda a sombra onde sem licença e na ténue linha da vida te descubro em viagem de fel e chocolate."
___________...
__________________
(...) sem veleidades (...) apenas por achar a ideia lúdica e desafiante.____________...quebrei as regras do enunciado...:) *
________________________ (...)gosto de improvisos. e este é só um»
*Degrau – não existe no texto, mas as linhas podem configurá-lo...
IMF
XIII



Abriu-se a caixa ovalada e eclodiu uma deusa.
Parou no único degrau e descansou a sua beleza ténue, ainda na linha de sombra, como quem pede licença para voar.
As flores, qual chama envolvente, chamavam-na para a vida.
Então, altiva, deu início à viagem terrena, toda ela transparência e delicadeza, asas soberbas, pintalgada de chocolate, amarelo-sol e esplendor.
Sua excelência, a Borboleta-Monarca
Jawaa
XIV
Degrau a degrau escalo a montanha da vida, viagem que começa ao sair do ventre materno e cujo final é um mistério...
Aqui é o dilúvio, as águas avançam sem pedir licença, só de quando em vez espreita a medo uma ténue e envolvente réstia de sol.
Na linha do horizonte desenha-se nova tempestade, pintam-se sombras, são nuvens, água que não tarda em cair....
Á lareira, no aconchego do teu abraço devoro com a tua ajuda a caixa de chocolates trazida de surpresa.
O amanhã vislumbra-se diferente, a chuva dará lugar a um amanhecer ameno, e por montes e vales, desfrutando da tua doce companhia quero cáminhar, desfrutar do verde dos campos, do calor sobre a pele e mão na mão percorrer os caminhos da nossa infância. Rebolar na relva, e deliciar-me com o perfume das flores que desabrocham em cada dia de primavera....
Ell

XV



Caminhava o arrasto da sombra
sob a linha ténue da vida.

Curta a senda, longos os passos…
pela Rua das flores que lentamente subia.
Da calçada, apenas o empedrado lhe sussurrava
uma canção antiga que trauteava baixinho
embalando a caixa de chocolate
nos seus braços trémulos e finos.

Extenuado, febril pelo sol do meio-dia,
aninhou-se no degrau da soleira de uma casa
desfiando memórias encanecidas:
a licença obtida para ver a família;
a turbulenta viagem a bordo do Santa Maria;
aqueles braços pequeninos que para ele corriam…

Adormeceu a existência do tempo
num envolvente sorriso.
Amita

Posteriormente a Amita enviou um 2º texto. Como nada definimos quanto ao número de textos que cada um podia enviar e serem postados e dada a qualidade aqui o deixo:



XV - A
Escrevo…
O teu nome de sombra num leito de chocolate
no envolvente degrau da espaçada memória.

Escrevo…
Omitindo a ténue licença do sol
despontado pela linha das flores,
na caixa em eterna viagem.

E, da vida,
teço outonais ramas de palavras
de infinitude suspensa.

Escrevo…
A inefável nudez da hora.
Amita


XVI

Encerrei-te como recordação numa caixa e em breve não passarás de uma sombra que se atravessou na minha vida. Subirei a custo mais e mais um degrau no caminho que me obrigaste a percorrer de cabeça erguida. E tu, tu mantém-te longe, não tens licença para me voltares a tocar!
*
Vou empreender uma viagem envolvente para dentro de mim própria, redescobrir o meu sol. *
A linha que nos separava até agora ténue encontra-se reforçada por uma barreira intransponível.
*
Estranho, até o anel com a pedra enfeitada com três flores que me ofereceste naquele dia especial parece perder o dourado. E tão-somente como a tua imagem no meu coração, derreter-se-á como chocolate.
marta m
XVII



Ténue é a linha do horizonte
O sol quase se embala no mar
Sem pedir licença, mesmo sem ponte
A vida avança para me chamar

Degrau a degrau continuo a viagem
Levo numa caixa somente um sonho
Misturado com flores nesta aragem
Ser apenas eu, se a pensar me ponho

E não há sombra que me detenha
Nem sabor de chocolate quente
Nem qualquer envolvente que venha
Desviar-me deste linha: o presente
José António


XVIII
A primeira viagem

Pôs o pé no primeiro degrau da carruagem, olhando a plataforma na esperança de que alguém tivesse vindo despedir-se. Aquela era a sua primeira viagem para lá da cidadezinha de província onde vivia. Fantasiara que alguém chegaria à estação a correr com uma caixa de chocolates e flores nos braços. Como nos filmes. Mas quem viria? Na sua vida ignorada de empregada de uma pequena empresa, tinha um ou dois conhecidos a quem nem podia chamar amigos. E vivia só. Da família, tinha a ideia ténue da existência de uns longínquos parentes. Quem viria, na verdade? Era a primeira licença que tirava, mais por não saber o que fazer do que por zelo no trabalho. Mas, num dia em que o sol brilhava e um sorriso desconhecido a tinha acariciado, decidira aventurar-se. Aqueles quinze dias ao pé do mar talvez a tirassem da sombra em que sempre tinha vivido. Entrou na carruagem, abriu a janela e aspirou o aroma envolvente dum belo dia de Verão. À medida que o comboio ganhava velocidade na linha, algo lhe dizia que ia iniciar uma nova vida. Fechou os olhos e sonhou com águas cálidas e um desconhecido cujo rosto não tinha ainda contornos. Não era sempre assim nos filmes?
XIX


Ténue a linha que me prende a esta humana vida.
Coisas boas, há-as.
O sol, sua límpida e quente luz, as flores, na variedade de cores e odores que no meu profundo reino marinho não é tão rico, tão heterogéneo.
Dos alimentos fascina-me o degustar do chocolate que desconhecia.
Quando encetei, degrau a degrau, esta viagem, do meu mundo marinho para o terrestre, sem licença de meu pai, uma sombra pairava-me na alma, mas nunca imaginei a dimensão das envolventes e esmagadoras sombras que amarfanham as relações humanas destruindo-as, fechando-lhes os cérebros, como se encerrados em herméticas caixas sem visibilidade, ...sem horizontes...
sereia


XX

ele ajeitou a sacola já coçada da tropa ao ombro e preparou-se para subir o degrau do comboio regional. depois duma semana de campo estafante, sempre debaixo de chuva e a ouvir a gritaria do sargento de instrução, e os ossos e a mente a pedirem-lhe descanso, aquela licença de fim de semana ia saber-lhe mesmo bem. ia de visita à terra, aquela pequena aldeia no meio do vale. aquela aldeia que o viu nascer e fazer-se homem, testemunha dos seus amores e desamores e sorriu ao lembra-se da sua terra e das suas tropelias enquanto moço.
era uma aldeia cruzada por apenas por meia dúzia de ruas que subiam e desciam conforme o relevo natural do vale, onde flores de várias cores e de vários cheiros espreitavam nos beirais das janelas; ali ao lado corria um ribeiro, onde os miudos e graúdos se iam banhar para se refrescarem do sol escaldante da época do estio. era uma delícia ver o pequeno caudal encher-se de risos e de piruetas mirabolantes, a tentarem impressionar os elementos do sexo feminino ali presentes.
nas noites de Inverno, quando a sombra da noite tocava o vale mais cedo do que o habitual, e o frio se fazia sentir, acendia-se uma fogueira no centro da aldeia. o fogo que ao inicio surgia timido e ténue, em breve dava lugar a enormes labaredas, proporcionando troca de conversas entre novos e velhos, onde as tradições orais e os conhecimentos dos antigos eram passados para a próxima geração, criando-se assim uma atmosfera envolvente e de convívio.
a casa da tia joaquina era a mais frequentada...fazia uns doces e bolos de criar água na boca, vendendo-os no mercado municipal da vila. ela bem enxotava os miudos à vassourada, mas não adiantava...depois de se banharem no ribeiro, eles passavam religiosamente na sua casa, e apesar dos seus protestos, ela dava-lhes sempre uma generosa fatia de bolo de chocolate.
lembrava-se ainda daquele ano em que queria comprar uma prenda para a sua primeira namorada e não tinha dinheiro. pegou então numa caixa e lá depositou graxa e uma série de escovas, e andou de porta e porta a engraxar os sapatos aos aldeões, os quais aderiram cumplicemente a esta iniciativa, uma vez que sabiam desta paixoneta, e queriam ajudá-lo a fazer boa figura. afinal não há amor como o primeiro, e quando as coisas acabaram, ele ficou com o coração destroçado. ele tinha a ilusão, própria dos primeiros amores, que este seria um amor para a vida.
ele acordou dos seus devaneios, acordado pelo estremecer do comboio na linha, e olhou lá para fora...ainda tinha uma longa viagem pela frente até à sua pequena aldeia, aquela aldeia no meio do vale...
Mac


XXI
Spa



É um dia especial!
Muito especial na minha vida.
Resolvi tirar licença das minhas tarefas rotineiras e deixar-me mimar pelas doces mãos de alguém profissional no assunto.
Caminho um pouco a pé, e um ténue raio de sol nesta linda manhã de primavera acompanha-me no meu caminhar para a estação do MetroUm degrau, dois, três e eis-me a apanhar a linha amarela para o meu destino. Um local onde está alguém que por algum tempo se ocupará só e exclusivamente de mim e onde deixarei que um envolvente banho de chocolate, entre outros mimos que vou exigir me deixe fresca e viçosa como as flores do meu jardim.
Adoro guloseimas e da última viagem que fiz à Bélgica trouxe uma caixa de bombons, daquela marca minha preferida que, rapidamente, foram devorados mas, estar envolvida por aquele creme escuro, morno, cheirando ao meu doce predilecto, é algo que me irá saber sem SOMBRA de dúvida uma delícia sem igual!
*
Hoje é o dia do meu aniversário e sou feliz!
Benó

XXII

Breve Viagem...



Era quase noite
E o sol desenhava No horizonte
Uma linha ténue
envolvente
Enquanto a sombra
Descia e me acariciava
E eu sentada
No degrau da escada
Deleitando-me...
E...sem pedir licença
Embarcava numa viagem
Que me levava
E me trazia...
O cheiro das flores...
Ia perfumando o meu mar
E á minha volta as crianças sorriam
Traziam a caixa dos seus sonhos
Que abriram para eu ver...
Era a vida
Feita sorrisos
Lambuzados de chocolate
Nos rostos inocentes de
Ser criança...
Dair




XXIII


Meu querido sol há quase um ano que te escrevo estas missivas sempre incompletas, por faltar uma resposta que lhes ilumine o caminho até à tua caixa. Quando elas te encontrarem nesse ermo para o qual partiste flutuando entre negras névoas, pedirei licença à linha ténue que separa a bruma da sombra e… sem chorar, entregarei a minha vida neste conjunto de cartas manchadas pelas lágrimas, outrora quentes, arrefecidas pela aspereza do tempo. Questiono-me acerca da tua coragem para subir o degrau do amor restrito e me dares aquele abraço envolvente que só o sentimento mais profundo é capaz de assumir. No entanto, esta nossa viagem precisa de ser feita. Entregarei meu corpo ao toque de flores e reconhecerás na minha voz o sabor a chocolate.
Eli


XXIV

O dom

Sempre o envolvente ruído, pairando.
Pesada sombra sobre a ténue linha de meu pensamento.
*
O psicólogo dissera aos pais:
- Vossa filha pode ser tudo (acentuando tudo) o que quiser nesta vida.
Seja na área das letras, ciências, até nas artes...
*
Ouvia o que era dito bem como os pensamentos de todos. Aqueles que as pessoas não querem partilhar - que não querem que os outros conheçam - tantas vezes contrários ao que as bocas dizem.
Sempre assim fora
.
Por isso me isolava muito.
Todas aquelas vozes, umas mais nítidas do que outras, o torvelinho de emoções de cada ser, as felizes e as destrutivas – e estas eram predominantes - invadiam-me sem licença. Transformavam-me o cérebro numa caixa de -Pandor(a) que se abria para dentro, derramando-se no meu ser, arrastando-me para indesejadas e tenebrosas viagens.
Pesadelos acordados a todas as horas.
Dia e noite. Nem o sono me libertava destas agressões.
*

Em criança o ruído de tantas vozes e emoções era mais suave. Cheguei a brincar com "amigos" que, do nada, se corporizavam diante de meus olhos.
Cedo me apercebi que os pais pensavam ser imaginários e ao escutar os pensamentos deles, não expressos, mas tão nítidos como os ditos, percebi que melhor era não falar no assunto, muito menos referir o que mais tarde vim a ler em livros e que denominavam "dom".
*
Dom? Um autêntico tormento.
Escadarias do vazio para o vazio- o Inferno de Dante a correr em meu cérebro e alma - construídas com todas as emoções e dores humanas - as físicas e todas as outras - cujos degraus não passavam de armadilhas que quase me conduziram à loucura.
*
Aprendi a controlar esta invasão. Nunca na totalidade, mas o suficiente para manter a sanidade.
Li sobre Yoga e meditação. Li não. Estudei, trabalhei, pratiquei. Pratico.
E tem-me ajudado.
Senão há muitos anos que estaria num colete-de-forças …
*
Meus pais nunca perceberam que sendo nós citadinos passasse o máximo tempo só, vagueando pelos campos desertos, com os livros e o que mais fosse necessário, nunca esquecendo um lanchinho e um chocolate. A água bebia-a pelas fontes.
*
Tinha que silenciar os alheios e envolventes pensamentos, negra e esmagadora sombra.
A maioria carregados de tantas emoções destrutivas, raivas, ódios, maldades inimagináveis …
*
Isolada nos campos, desfrutava finalmente o silêncio, o calor do sol… mergulhava o corpo num leito de flores selvagens, ou nos trigais, e podia, finalmente, ouvir os meus pensamentos, sem interferências.
*
- «(…) dizia ele aos pais que eu poderia ser o que quisesse na vida…» "Poderia", disse-o bem.
O que sou hoje?
*
Mera sobrevivente que recusou ser cobaia ou enriquecer utilizando o denominado dom de que falo hoje pela primeira vez!
*
Dom...ou maldição nesta sociedade?
TMara



XXV
Viagem

Não tinha capa nem outro agasalho.
*
Um lenço. Isso. Trazia na cabeça um lenço de lã dobrado em bico.
*
Sobrava-lhe o pano sobre o rosto. Achegava-lhe aos olhos de repuxado que o fazia adiante. Um lenço de cor parda. Um castanho russo. Teria, em outros tempos, sido um lenço numa linda cor de chocolate. Cobria-lhe o cabelo todo. Nem vislumbre deste e nem do rosto. Com jeito, viam-se-lhe os lábios rosados e carnudos. Raramente, num sorriso, divisava-se uma carreira de dentes brancos, falhado, de uma queda, um da frente.
*
Tarde de Inverno. Chegavam-se os dias uns aos outros, curtos como os passos que ela salpicava na rua que levava de casa de Beatriz, a casa do Frederico, e desde, lá mais para baixo, à sua. Caminho que fazia três dias na semana, sempre no início e no fim da tarde, sempre pela ordem de ser ele o último visitado. E sempre rezando dois Padre-Nosso e uma Salve-Rainha na laje amaciada pela dobra da saia debruada a veludo, em frente do altar de Santa Teresinha. Sempre essas orações, na Igreja Matriz alumiada pela ténue luz das velas, no largo que cortava em dois o caminho de uma a outra casa.
*
Não trazia capa nem outro agasalho.
*
Nem trazia nada que a dissesse caminheira. Que a mostrasse em viagem seguindo a linha de flores que ponteia a berma do caminho.
*
O sol desfazendo-se em escarlates para além do povoado, para além dos montes de onde, em outros tempos, vinham gentes sem mais vestir que um fato puído e roto, ou muito remendado, sabe-se lá de que dono cada bocado. Nem a ponta de uma camisa sobrando por debaixo. Pele e osso e sarro. Se traziam, eram botas rotas, desatadas ou presas com cordões desirmanados. As mais das vezes, era como vinham: descalços. Nas mãos, o quase nada de um alforge mirrado de estar esquecido de ser ele um local para guardados. Gentes de fora do lugar onde ela vivia desde que fora nascida, lá mais para os lados da azinhaga, onde seu pai tivera um próspero negócio de colchões. Seu pai vestira a palha com riscados que faziam camas de senhores e enxergões de pobres. Não dos muito, muito pobres, dos remediados. Vestira também lãs, mas mais raro, e morrera cedo, de cirrose. Nunca teve mãe. Não a sabe.
*
Maria Ema, como a baptizaram, não trazia mais do que um lenço a amparar o frio, o vento, a chuva miúda que caía.
*
Acresceu na reza dessa tarde, a dezena de um terço. Dez compassadas Ave Maria Cheia de Graça por alma da Margarida.
*
Doente que ela estava desde o Pentecostes.
*
- Só caldos muito aguados e água.
*
- Muita água e chá.
*
Assim dissera o médico, assinando um remédio desenganado.
*
Chás de ervas variadas, lhe dera a mãe, dia após dia. Beatriz era nisso entendida. De nada lhe valera, pobrezinha. Sumira-se pouco a pouco. De repente, não mais a Margarida: a que virava ninhos e entornava os tinteiros da escola e galdeirava em cata de amoras, e tomava banho nua na ribeira. Mal entrara o Outono, dera em esbrasear em febres que nenhuma cataplasma atenuava. Na semana passada, um suspiro rouco, mais assim um grito desistido, e Margarida partia para um outro mundo. Nem tinha idade de ser morta, se para tal houvesse idade. A cabeça muito loira descaída sobre um ombro, e as mãos, cuidando que ainda rezavam, muito unidas até se despegarem, de uma a outra, sem vida.
*
Nevara.
*
Não tinha abafo que não fosse o lenço de lã que quase lhe cobria o rosto.
*
Nesse fim de tarde de Novembro, esfriado, ela desagasalhava.

*
As pedras do caminho escureciam. Ficavam sombreadas antes que se apagasse o azul que era a porta da casa. Uma porta apenas e um postigo largo. Nem janelas.
*
Maria Ema subiu, um e outro, cada degrau que eram dois, e desprendeu o trinco. Foi entrando sem dizer com sua licença sem chamar por nome. Foi-se achegando, as mãos abrindo a sombra num tontear de cego, antes que os olhos se lhe afizessem e desdobrassem o todo em unidades.
*
Um espelho esfacelado na metade, reflectindo-lhe o lenço; uma saliência na parede, espantalhando uma palmatória pingada de cera e um galo azulado a dizer de humidades; uma caixa de folha coberta de chita e, por cima, torto na parede, um quadro de uma Santa com Menino. Sobre uma mesa de camilha, um jarro e uma bacia, ambos em barro com rosas vermelhas desenhadas.
*
E, sem precisar de desfazer a sombra, Maria Ema via a cama de ferro, demasiado grande para o espaço exíguo, e Frederico sentado na cadeira de palha, os lábios afogados na boca desdentada. Os lábios que ele traz à tona num sorriso.
*
Quebra-se a sombra em luz.
*
Descai nos ombros o lenço que já foi da cor do chocolate.
*
Caem duas tranças muito negras.
*
Tranças ponteadas de branco. Tranças quase todas prateadas.
*
E os olhos, dependurados nele que veio de lá detrás dos montes.
*
Olhos azuis, como era o céu numa longínqua tarde envolvente e morna.
*
Tarde de Primavera repetida no pino de muitos Invernos.
*
Não tinha capa, nem lenço, nem tinha pano outro que a vestisse.
Mcorreia


XXVI


Dou-vos licença para partilhar uma viagem às praias, serras e sapais do nosso “Algarve”, numa Primavera anunciada e com um toque de Verão… Foram uns dias sem sombra de dúvida inesquecíveis, cheios de sol, cheios de vontade de viver, cheios de cumplicidade, cheios de coisas bonitas. A vida é feita de coisas simples, a envolvente da natureza deixa-nos calmos, serenos e numa ténue nostalgia deambulamos pelos campos, repletos de laranjeiras, vegetação rica e diversificada, flores campestres de agradáveis odores e belas e diversas cores…
De degrau em degrau fomos até ao cimo do castelo de uma das muitas cidades algarvias, onde se avistava a linha do horizonte, a sequência em ziguezague dos telhados, as planícies cheias de arvores de fruto a perder de vista e uma visão do mar azul e calmo, onde na época estival nos banhamos e divertimos esquecendo a zona interior e montanhosa.
De regresso, recebi uma caixa cheia de cascas de laranja com chocolate para comemorar os dias doces e felizes que passámos juntos.
Foi uma viagem agradável, retemperadora de forças, de reencontro connosco, de descanso e de descoberta e redescoberta de locais, vilas, cidades, recantos, gentes, de sabores…
É de repetir!
mj


XXVII

Paradoxologias


A cor e dar de manhã cedo um jardim inteiro de flores de todas as cores.
*
A cor e dar ao teu lado do lado contrário da tua presença transparente.
*
Ser espanto e pranto e encanto no ténue desamor acordado sem desperta-dor
*
Enquanto me desencontro nos labirintos do teu corpo chocolate em sua cor.
*
A imprimir os meus e os teus sonhos no interior da caixa onde os esquecemos
*
E ser somente um inquietação de estar quieto sem a tua licença proibida
*
Tabém ela esquecida como uma espécie de sombra aparentemente separando a distância entre a partida e o regresso dessa tua viagem desa – linha – da

Sim, desalinhada e amarrotada como um degrau

................................................................................Degrau
..........................................................................................Degrau
..........................................................................................................................Degrau

Que desce ao encontro do festival da vida em duplos orgasmos fora do prazo de validade

E ter idade para vencer o tempo e ter tempo para vencer o sol e ter luz para chegar longe

E ter poesia para acender os momentos em que ela se apaga
E ter garras para derrotar os ponteiros do relógio e as ciladas do destino

E ter um mundo como vitória, o sorriso de uma criança a recriar e reinventar abecedários novos, caminhos novos, alfabetos novos, um novo sentir e pensar sempre constantes e diversos

Sempre envolvente e sempre em overdose de palavras e ternura.


XXVIII


Na linha ténue e envolvente que separa a asa do avião da sombra das nuvens, a viagem acontece, na rota do sol e das flores. Ao encontro da vida.
Desço um, um degrau só, e ela está ali, à minha espera.
Ofereço-lhe a caixa de chocolate.
Peço licença para amar.
miruii

XXXXXXXXXXXXXXXXXX

Agora que já leram os textos do 2º Jogo das 12 Palavras deram conta da novas e novos participantes a quem dou as boas-vindas.

Por outro lado, alguns dos amigos (3) que participaram no anterior impossibilitados de participar neste.Aguardamo-los nos próximos, e a todos, sempre que possível.

sexta-feira, abril 18, 2008

parabéns a uma das participantes do Jogo das 12 Palavras

A amiga elsa nyny, companheira da aventura no Jogo das 12 Palavras, faz hoje anos.

Deixo-lhe esta rosa e os desejos de que a VIDA sempre lhe traga tudo o que necessitar.
deixo também um abração de parabéns elsa

segunda-feira, abril 14, 2008

2º "Jogo das 12 Palavras " - as 12 Palavras

O jogo-auto-desafio-lúdico está aberto a todas e todos que nele queiram participar.

Quem vier pela 1ª vez deverá enviar-me email com os eguintes dados: nome ou nickname que pretende usar, link do blogue e endereço electrónico. Se quiser pode enviar selo identificativo.

Deverá posteriormente enviar texto - prosa ou poema, para meu email: eueremita@gmail.com

Alterações ao anteriormente definido:

Para facilitar a postagens solicito:
- Todos os textos devem ser escritos em MINÚSCULAS - minúsculas- minúsculas;
- As 12 PALAVRAS, em vez de virem negritadas, como inicialmente solicitado, devem vir em MAIUSCULAS - MAIÚSCULAS.
Explico: o negrito, ou em alternativa uma cor diferente perde-se ao passar para o blogger.
A maiúscula mantém-se e assim eu sei logo quais são as palavras que destacam em cada texto e reescrevo-as em letra normal negritada sem ter que andar a fazer comparações o que me leva mais tempo e pode provocar erros;

- Os textos para o 2º JOGO DAS 12 PALAVRAS deverão chegar, o mais tardar, até 23 de Abril.
- Até 26 de Abril procederei à postagem.
Se mos fizerem chegar à medida que os fizerem, como agora ocorreu, é bom e agiliza.
As 12 palavras para este 2º Jogo são:
Degrau . Licença . Sombra - ténue - envolvente - linha - vida - sol - flores - chocolate - caixa - viagem.


Bom trabalho e...mãos à obra.
P.S - a votação sobra a periodicidade do Jogo: Mensal ou quinzenal continua em aberto. Até ao momento só recebi 10 respostas. Por favor enviem a vossa opinião.

quinta-feira, abril 10, 2008

TEXTOS 1º JOGO DAS 12 PALAVRAS -1ª parte

Amigas e amigos:

O meu computador bloqueia quando coloco todos os textos num único post pelo que estão desdobrados em dois.

A colocação dos textos foi totalmente aleatória.

Boa leitura e apreciem toda a riqueza criativa,e não só,que com simples doze palavras foi elaborada e aqui se apresenta.

Espero que gostem, se deliciem com o desafio e continuemos o nosso jogo lúdico de construir textos tão diversos, E POR ISSO MESMO TÃO RICOS, partindo das mesmas 12 palavras e do imaginário e questões mais sensíveis a cada uma/um.

I

Nem o distanciamento me impede de comungar desta paisagem agreste, desafio tão interessante que se renova em ciclos. Á minha volta penhascos que o tempo se encarregou de desfigurar, rendilhados, erodidos, mas nem por isso menos atractivos....Na fusão com o infinito, mar imenso coberto de um céu azul onde de quando em vez venho descarregar uma tempestade de emoções....
Nesses momentos recorro a um guia, meu farol, meu anjo da guarda, presença que torna a queda amortecida num abraço avassalador..Também nos corpos se nota a erusão própria de quem já atravessou desertos e se renova em cada primavera..Cada ano traz consigo o renascer do mundo, em cada gesto, em cada olhar, em cada sopro de brisa , em cada sorriso de criança...A vida em metamorfose constante, em cada ciclo ao sabor de ventos e tempestades..
Ell Alves

II

Sei que regressaste ao farol da nossa memória. Sei que sim. Sei que buscas o refúgio naquele mar, o nosso imenso mar, berço da fusão dos nossos corpos num dia avassalador e numa noite longa que permaneceu na história como uma das maiores tempestades de sempre.

Hoje tenho-te como em todos os dias. Em cada gesto da memória saio sempre mais amortecida, é infinita a saudade no meu coração já erodido pela passagem inevitável do tempo e pelo distanciamento que o fado nos pronunciou na sua dura sentença.
Que nos resta comungar? Nem tu, nem eu, nem nós. Apenas o mar, o céu e o nosso sonho azul...
Marta M.

III


Havia um tempo. Tempo de Tempestade. E, apesar disso, com céu e mar azuis. O Simão e a Gatinha, fieis companheiros, com um imenso sentido crítico, já tinham alertado para o distanciamento que adivinhavam nele. Ausente, não física mas espiritualmente, era avassalador o seu silêncio. Ambos pediam, ele rosnando, ela miando, que os deixassem comungar com ele os seus problemas.
E nesse tempo, em que se pressentia uma terrível tempestade, também havia um dia muito lindo, uma esperança, um azul no céu que alegrava a alma. Tal como um farol que nos guia, ele tinha que saber que as suas angústias eram passageiras. E um imenso e lindo arco-íris, desenhava-se no horizonte. Era uma fusão de luz e cor e também sons, que faziam com que ele, amortecido até então, despertasse para a vida. Vida essa que, na vertigem de um mundo difícil, não o deixasse tão erodido. Vida que ele agradecia diariamente. Porque, apesar de tudo, ele ainda tinha muito para dar e receber.
Zé-Viajante

IV

O FAROLEIRO

Ela era o farol da sua vida, a luz que o guiava por entre as tenebrosas noites de solidão.

A paixão que sentia no seu peito, dava-lhe coragem para transpor as barreiras daquele distanciamento, daquele mar sempre em tempestade.

A dificuldade da sua vida era amortecida pelo isolamento naquela ilha mas, quando os dois seres se encontravam deixavam transparecer na perfeita fusão dos seus corpos todo o imenso prazer e felicidade que só é sentida por quem se quer com um amor tão avassalador..

Aquele sentimento profundo ajudava-o a comungar com alegria nas duras tarefas do seu quotidiano e apesar de todas as dificuldades sentidas gostava de pensar nela olhando o céu azul e sentir que, nada na sua existência, desde que a amava, se tinha erodido ou danificado.

Tudo era perfeito quando a tinha nos seus braços e a felicidade existia!
Benó


V


O Mar


Hoje um mar diferente
Um mar em fúria
Avassalador
Fico olhando-o
Mas, hoje não me apazigua,
a minha tristeza vai sulcando
erodido em mim
a solidão
E eu...
Amortecida
Percorro a distância
Que vai do céu
Que já não é azul
Ao farol
Que o mar hoje não quer ver...
Eu...
no imenso distanciamento
Que sinto entre mim e o meu mar
Deixo-me trespassar
pela fusão
Da sua fúria em mim..
Mas avanço
Hoje sou eu
Que vou acalmar o meu mar,
E vou comungar da sua dor,
Até que a tempestade se vá...
Dair

VI




Aquele céu era avassalador
De profunda cor azul celeste
Distanciamento maior de amor
Com que o dia sempre se veste

Namorava às claras com o mar
Fintando a tempestade amortecida
As plúmbeas núvens em fusão de amar
Dando-se por inteiro à própria vida

Comungar o imenso espaço celestial
Esquecendo o espaço sideral perdido
Em fusão com a energia primordial
Farol iluminando algo já erodido

Ao comungar tão intensa energia
Dá-se por inteiro, alma e coração
Transforma em passe de pura magia
Coragem de ser coração e pura razão
José António




VII

O Céu abriu-se, azul,
Após a Tempestade...
Como se também fosse um imenso mar...
Estendendo-se, ao infinito,
Canto, asa ou grito
Em busca da Verdade...

Frente ao meu olhar
Abriu-se a DISTÂNCIA,
Um risco, uma fragrância...

Paisagem erodida
P'lo vento rugidor.
Avassalador,
Imagem
Agora amortecida
Pelo distanciamento das nuvens castelares
rolando com fragor
em simetria aos mares...

Céu e Mar...
Tu e eu...
Mar e Céu, revelando então
Sua fusão
Como a memória de um respiro
A comungar...

E, lá ao fundo,
Ergue-se um Farol,
Testemunho mudo
Deste nosso inteiro olhar...
Isabel




VIII



Sabor a mim, a nós… e a ti


Amanheceu um céu avassalador
Precipitei-me nas rochas
Daquela rua inexistente
Sem mar, nem o sonho do imenso amor
O declive erodido salvou-me
E deleitei-me no distanciamento do azul
Ele, conforto de farol,
guia e senhor
À sombra das estrelas
Fugidias, fortes, luzidias
Sentiu a antítese do calor
De uma penetrante fusão
Por fim, o lençol amortecido
Testemunha os sonhos de furor
Assim, sem pequeneza, nem coração
De um comungar sensual
Que não adivinhava o tal tremor
Impetuoso, o vento voltou aos teus cabelos
A tempestade desceu nos telhados
Arrepiando todos os pêlos, sem pudor…
Eli Rodrigues


IX


Partir de um Sonho

A noite foi escura e fria. Lá fora a chuva caiu intensamente, batendo com força nas vidraças provocando um concerto de sons ensurdecedores, que convidavam a paixões e loucuras inconfessáveis.
Tudo parou de repente. A tempestade passou.
E como num passe de mágica, entrava agora pela janela uma brisa matinal, fresca, normal para uma manhã de Primavera.
Uns poucos e ténues raios de sol teimam em romper nuvens, mostrando pequenos retalhos de um céu azul. O aroma que paira no ar é uma fusão de cheiros inebriantes a esta hora do dia, num misto a terra molhada e [a]mar que despertam sentidos. O oceano transformou-se num imenso lago que vai lambendo o penedo erodido pela força de outras tempestades, onde descansa o velho farol.
Na cama, palco de um avassalador bailado, onde os nossos corpos se fundiram em entregas sem reservas nem condições, dormes ainda.
Olho-te com carinho. É belo o teu semblante adormecido, alheio à dor que me trespassa o coração e me deixa amortecida.
Em breve terei de partir. É inevitável este distanciamento que adivinho. Porque a vida corre para lá deste quarto onde as cortinas esvoaçam numa dança sensual. Onde o sonho se fez real por momentos feitos de silêncios e sentires.
Vou partir, vou deixar crescer asas, e um dia... Um dia volto. Inteira.
Voltarei a este quarto, onde agora te deixo adormecido, para contigo comungar o momento, tornando real o sonho que ambos partilhamos.
Micas

X



Tempestade


Seriam as duas, naquela imensa tarde
Imensa de cinza e ocre
Imenso nela o horizonte

No céu, deslizes de tempestade
Pontas de setas
-Ou seriam facas brilhando-
Um delírio de dança

Quem pegaria os fios daquelas marionetas?
Dos dedos de que deus, aquele bailado?
(Fusão dos elementos, diriam muitos)

Mais além do que era longe, um outro longe
Um distanciamento assim como se fosse o espraiado de um mar
Assim como se fosse o foco amarelado de um farol

Perdiam-se nossos olhos
Até onde o céu dava, era cinzento
Depois azul
-De tom diverso do manto da Senhora
Morria Ele no seu colo-
Um misturado de azul de tempestade e azul de Primavera
Talvez a cor de céu no pino de Verão
Talvez o azul dos olhos de quem amo
Azul de Agosto sobre uma ceara
-A calma amortecida num bafo de brisa-
(Um azul fosforescendo, diriam)


Alheias ao ser o céu cinzento
Alheias de que seja ele azul de mar
Alheias de que fosse ele um céu de Agosto com ceara por baixo
-Ou que o cortasse a meio a descarga de um raio-
Elas

Nas lajes frias de igrejas
-erodido granito de muitos tempos-
No sopé de montes
Na cabeceira de doentes
Trazendo gente ao mundo
-ou um bezerro-
Lavando, pendurando, cozinhando
-amando sempre-
Elas

Cabeças debruadas de uma luz que ofusca
-mais que os luminosos que cortam o horizonte-
Dobradas em seus frágeis corpos
(Ajoelhadas, diriam muitos)

Eruditas em outros saberes
-que nem escritos em livros
nem ditos nos salões
igrejas, sinagogas, mesquitas-
Solilóquios que são em suas bocas as palavras
-ritmadas, surdas-
Um comungar em murmúrios a solidão dos mundos
(Rezam, diriam muitos)

Elas
Convocam deuses e duendes e fadas
-forças da natureza e demónios e faunos-
Murmuram a Palavra
-O poder avassalador da Palavra-
Elas que sabem
Evocam- Na

Ecos de Céus e Mundos e Universos
Naquele imenso, pelas duas da tarde
Mcorreia

XI


A Revolta de Gaia

Avassaladora a tempestade ergue-se imensa, abrangendo, unificando céu e mar, erodido o azul de ambos, amortecida a luz do farol na fusão das trevas.
Nuvens e turbulentas águas, na terra e no céu, anulam o distanciamento entre eles fazendo-os comungar da explosão dos elementos em fúria de Gaia.
Eremit@

XII

A Senhora do Farol


Contavam, na povoação, que uma mulher vagueava, em noites de tempestade, entre o velho farol e o mar imenso. A sua silhueta destacava-se no horizonte, sempre que a luz azul iluminava a noite. Diziam que vivia longe, num distanciamento propositado da população daquela vila e carregava com ela uma dor amortecida pelo tempo, mas que lhe retirara o gosto de estar com os outros. Sempre só, naquele jeito de comungar sentimentos apenas com as águas que lhe escutavam as palavras. Quando se revolviam e batiam nas rochas com um ruído avassalador, só ela parecia fazer a fusão entre o mar e o céu. Encostada ao enorme rochedo erodido pela fúria dos elementos, dizia o povo que era a ponte entre as gentes daquela terra e alguma divindade vingadora e que só ela tinha o poder de acalmar a tempestade. Por isso a chamavam de Senhora do Farol e lhe espiavam os passos, sempre que no ar ecoava o ruído atemorizador que conheciam das memórias sem tempo certo.
Vida de vidro
XIII


Acordou amortecida pela noite e, ao subir a persiana da janela do quarto no gesto habitual de abrir a manhã, sentiu-se perdida naquele distanciamento azul onde mora o céu imenso. Estremeceu. Tomava consciência, uma vez mais, da sua pequenez humana dentro do universo que lhe oferecia um novo dia. A ideia assustava-a, pois sabia que se nada fizesse ele lhe fugiria de entre as mãos, desinteressante e empobrecido como todos os outros dias cuja presença ultimamente ignorava. Olhou a praia ao longe e encostou a cabeça ao de leve na vidraça, como se procurasse conforto para as suas reflexões. Perguntou-se então o que fazia dos nadas com que esvaziava a vida, ou que mar era o seu, onde flutuava como barco erodido pela tempestade dos pensamentos. Às vezes não sabia onde se encontrar para lá do mundo avassalador das memórias e do sonho que já não tinha ou onde comungar do que esvoaça sem que fosse capaz de agarrar essa fusão indistinta do que conhecia e desconhecia.
Passado algum tempo abandonou devagarinho o canto da janela em que se mantivera absorta, olhou em redor como se procurasse alguém, e disse em palavras sumidas que às vezes desejava que os dias morressem depressa e que a luz de um farol iluminasse as trevas que a perturbavam. Depois sentou-se no sofá onde habitualmente se aninhava e ali ficou até o dia se esvair no silêncio de si mesmo.
M