segunda-feira, agosto 20, 2007

Voltou

O silêncio voltou.
Nos últimos oito dias tive a presença/companhia de meus dois filhos e filha, seus cônjuges e filhos, meus netos.
No total onze pessoas. Onze seres maravilhosos que amo.

Receava este reencontro.
Receava muito, mas nunca o disse.
Nem alimentei muito tal pensamento em mim, apesar de, volta e meia, ele se colar, como carraça. Principalmente – não deixei que de mim se alimentasse.

Foi a primeira reunião de família depois da morte de Maria Manuel.

Temia o sobressalto, a dor a abrir-se de novo em chaga intensa pelas lembranças partilhadas, mas, principalmente pelo tanto dela que há nos filhos.
Semelhanças físicas e não só.
O jeito de se moverem, de olhar, pequenos tiques tão dela e que os filhos, os três, perpetuam, de uma forma ou outra.
A forma de fazerem determinada tarefa…
Estando distraído as imagens sobrepõem-se, a dela e a de um dos filhos ou da filha.
A cor e forma dos olhos…os três têm (como se costuma dizer) os olhos da mãe.
Forma, cor e um cintilar profundo entre o riso e a ironia que nos lembra que a vida não é para ser excessivamente levada a sério.

Mas não. Foi um tempo de riqueza e partilha em que a dor não reinou.
Creio que todos, sem excepção sentimos o seu perfume, o seu toque suave. Uns disseram-no, outros, mais senhores do seu papel de cientistas, “não embarcaram (palavras deles) nessas partidas que a memória nos prega…”

Foi um tempo de serenidade e alegria.
Nenhuma dor nos ensombrou.
A presença, memória, lembrança, sempre presente mas com alegria por uma dádiva que foi para todos o havermos tido aquela fantástica mulher em nossas vidas.
E por isso estou grato.
Hoje à noite já dormirão em suas casa. Dois casais no Canadá e um nos E.U.
Foram descansados porque viram e sentiram como estou bem.

Eu saí reforçado e mais feliz.

Entretanto se me permitem sugiro a leitura do seguinte livro: Bom Trabalho, de Ken Blanchard, Editora Pergaminho.

Comprei-o quando fui comprar umas lembranças para a família.
Aprendi muito com ele e sei que continuarei a aprender com este pequeno livro de 119 pgs.
Boa semana

9 comentários:

bettips disse...

A tua mensagem é digna e bela. Muito terás para nos dizer... Não sei o que será viver assim. Sei que vivo no silêncio mas tenho queridos perto e o meu filho tem os olhos da maior pessoa que conheci: minha avó. Penso que de pegadas se irá fazendo o caminho: as pegadas de teus filhos e netos para quem viveres ainda (Vivir para contar-la!) será passar todo o amor que MM te deixou. E entretanto as tuas palavras ajudam SEMPRE alguém. Um abraço nómada.

Amita disse...

Olá Eremita
Não postei, e as minhas desculpas por não te ter ainda lido.
Apenas passo para te desejar uma semana plena de sorrisos lindos.
Um imenso abraço na ternura e no abrigo das palavras.

Anónimo disse...

obrigada...


cumprido ficou portanto o intuito...
:))))

____________
desejo um tempo sereno....acompanhado de um sol especial: o dos afectos.

_____________
até breve.

piano e fulgor ficam assim durante uns tempos...
parto.

abraço.

Luna disse...

Estamos sempre a aprender, e os medos por vezes nos inibem, no nos deixam viver ou sermos naturais, mas a maior “ arma” da vida é a simplicidade, o deixarmos fluir, não sofrermos por antecedência, os livros ajudam-nos muito mesmo mas temos de estar abertos para os sentirmos e seguirmos

luna

Isamar disse...

um post comovente, escrito com o amor que foste construindo ao longo da vida.As tuas palavras revelam-te um homem muito bonito, dono de um blog por onde nos faz bem passar.Obrigada!
Beijinhos

Cláudia disse...

Este texto é um verdadeiro encontro com a ternura.Obrigada por partilhares esta experiência deliciosa...

Lusófona disse...

Oi Eremita!

Nem sei o que dizer... achei tão lindo e tão triste... espero que estejas bem.

Quanto ao livro, gostei da dica, o tema é interessante e aborda um assunto que gosto.

Beijinhos e fica bem

Kalinka disse...

Eremita
só hoje o «descobri» e, acabei de ler este post tão «belo».
A recordação de «Alguém» muito importante nas vossas vidas.

Reparei que os seus filhos estão 2 no Canadá e, como para mim este belo país está bem presente na minha memória, pois estive lá de férias há 1 mês atrás...pensei: porque não visitar o Canadá, já que tem lá os filhos? Adorei ver a qualidade de vida de quem escolheu viver ali.

Meg disse...

Estive aqui, também, e deixo as palavras da Bettips
Porque depois da perda, é nos filhos e netos que perpetuamos os sentimentos que prevalecem.
Registo de um amor comovente.
Um abraço