quarta-feira, maio 21, 2008

3º Jogo das 12 Palavras - 1ª parte




I

Sentir...Azul...

Sentada no alpendre
Vislumbro o céu na manhã
Que se entrecorta
Com o azul do mar
E se mistura com o
Azul da tapeçaria
Onde repouso
os meus pensamentos...
o orvalho desliza
por entre as rosas feito canção...
Pego na pena
Para escrever,
Mas...
Desenho a silhueta
De uma criança
Da criança que fui
E sinto a minha vulnerabilidade
Que tento afastar
E outro esboço,
Entre o limite
E o ambíguo
Desenho a morte
E risco...
Não vou morrer ainda...
E fito o mar
Que me leva…e eleva
Conselheiro de tantos momentos
E sinto a obstrução
Dos meus pensamentos
Que voltam a repousar
Nos azuis à minha volta
E uma paz me invade
Elevada ao exponente máximo
De calma e tranquilidade
Enquanto
O mar calmo, imenso
Continua a desenhar o azul
De calma, de ser e existir...
De mim...
Dair

II

(in: 2º jogo das 12 Palavras) “Mera sobrevivente que recusou ser cobaia ou enriquecer utilizando o denominado dom de que falo hoje pela primeira vez!

Dom...ou maldição nesta sociedade?”

Desde CRIANÇA que esta teia, em que vozes e pensamentos alheios, sofrimentos e penas sentidas por qualquer pessoa me recobre e esmaga, apesar de toda a obstrução sempre em vão tentada, mostrando-me com toda a clareza a vulnerabilidade dos seres que comigo habitam o planeta, bem como a minha por nunca conseguir afastar aquela tapeçaria de retorcidas silhuetas vivas - murmurantes, sibilantes nascentes de ruídos inimagináveis para qualquer outra pessoa - desde as mais humildes às mais exponentes figuras da sociedade.

Lembra um imenso, esmagador e sempre crescente quadro de Bosch onde o demo parece ser o conselheiro preferencial da humanidade...

Desde criança que espero a manhã, a aurora, em que um límpido e puro orvalho, consiga trazer o aniquilamento, a morte,de todas as dores que nos submergem.
TMara

III

e…caminho


Caminho pelos campos
Livre, solta...eu
Respiro o odor do orvalho
Na frescura da manhã
Sinto-me criança
E fito os meus sentimentos
Na vulnerabilidade do sentir
Exponente principal
Do meu livre existir!

E vou tecendo os meus sentimentos
Na tapeçaria do meu ser
Cores coloridas, com laivos de luz,
Risos e brincadeiras...
Suprimo o negro...
Não coloco a morte
Sei bem que ela existe
E volto ao meu coração
Conselheiro do meu sentir
Vou afastar a tristeza
Com mais um riso e um passo
Na obstrução de uma lágrima
Que se quer desprender
Enquanto um pássaro selvagem
Deixa cair uma pena
E parte...
Breve silhueta que se afasta
Ao longe no firmamento,
E eu...
Livre, solta, continuo
a caminhar pelos campos!
elsa nyny

IV
Luz

Na luz da manhã a criança vê a luminosa silhueta da mãe, tal suave pluma, leve pena,
dobrar-se sobre os canteiros, afastar e colher ervas daninhas que abafam as cintilantes flores que sob as gotas do matinal orvalho semelhando viva, colorida e mágica tapeçaria animada por pirilampos.

Na sua inocência e pureza a criança só capta o amor que sente irradiar, vibrando forte no ar, entre ambos, bem como entre a mãe e aquele pequeno universo de cores e odores.
Desconhece ainda a vulnerabilidade da vida humana pelo que não reconhece a vulnerabilidade da mãe, de onde, pouco depois, a vida se esvaziou.
.
Hoje, homem feito, o Juiz Conselheiro, regressa ao temp(l)o do jardim, ao temp(l)o da pureza e do amor incondicional que lhe foi ar, pão, leite, água…Tudo.

Busca força, reúne energias para, com sentido de justiça, lidar com a sistemática obstrução em que as meias verdades têm enredado o processo e as mentiras o têm inquinado…

O processo sobre aquela violenta e feroz morte de que o homicida se ri e vangloria, transformado o monstro numa expoenente figura dos mídia, dando entrevistas em tudo o que é jornal e revistas, aparecendo a toda a hora nos vários canais de televisão enquanto a vítima, retalhada, caiu no esquecimento das gentes no circo em que a vida se transformou.
Sereia

V
O Conselheiro Acácio, silhueta em negro, apertada em colarinhos engomados, exponente da vulnerabilidade das tapeçarias antigas, deu em afastar a criança, obstrução momentânea de sua peroração. Ergueu a bengala, apontou a janela e dissertou sobre o orvalho da manhã, a pena de ave pousada na balaustrada, mas não falou na morte dos cabelos que lhe davam mais brilho à calva.

Assim vai a política, ainda agora.
miruii
VI
A criança corre sobre a vasta tapeçaria multicolor e odorífera, de flores do início da Primavera, sentindo o frescor das gotas de orvalho nos pés e a cada dia assim faz nascer a manhã.

Ao longe a mãe observa, mas nada mais distingue do que uma pequena, quase translúcida silhueta no longe.
Sabe que é o filho que corre veloz pelos campos. Os sapatos jazem perto dela.
Onde ele os largou e abalou à desfilada campos fora.

Com a mão direita imita uma pala sobre os olhos, a fazer sombra.

Uma brisa levanta-se. O cabelo esvoaça-lhe pelo rosto tapando-lhe a visão.
Com a mão esquerda - não quer desviar os olhos do filho - tenta afastar o esvoaçante cabelo da frente dos olhos de forma a não lhe tapar a visão.

Sorri ternamente lembrando a frágil figura do filho, leve como uma pena na sua aparente vulnerabilidade física que tanto preocupa o pai, conselheiro de estado, emergente e exponente figura da oposição que, por todos os meios, faz obstrução ao governo, com a mesma tenacidade - quase obsessiva - com que segue todos os conselhos, prescrições, dietas, que acredita o ajudarão a combater, a enganar, o tempo, a vida, a morte, por mais uns anos, na busca de uma aparente eterna juventude.
Eremit@

VII

A Tapeçaria

Estava gasta e debotada. Pendurava-se no vão das escadas. Entre o primeiro e o segundo lance, quando os degraus espreitavam a entrada da casa, e também os quartos de cima. Era uma grande tapeçaria.

Contava uma história tecida nas suas entranhas de seda. As cores tinham-se desmaiado com orvalho do tempo. Mas continuava bela e enigmática. Duas figuras, apenas, no centro. Um velho e uma criança. O pequeno rubicundo, loiro e lácteo, pese a cor acinzentada do tecido. O velho, esguio, de barbicha, olhar penetrante que girava consoante se subiam ou desciam as escadas, como que a ousar penetrar nos segredos da casa.

Em redor móveis de madeira velha quase exalando o cheiro a cera, compunham o que parecia um quarto. Na alcova junto à janela de vidros manchados deitava-se uma figura. O artista fora feliz na composição das cores. O rosto esquálido tinha precisamente aquele tom de morte, que arrepia, e torna mais pálidos os primeiros raios de sol que visitavam a manhã. Perpassavam pela janela num adejo de calor para suavizar a pena que se evolava no ar. Pressentia-se o frio e a tristeza, quase a despedida. Na parede em frente repousava o espelho pendurado sobre o baú de madeira maciça, alforge de linhos, e loiças e demais enxoval, exponente da sua condição social. O espelho trazia de volta o movimento que parecia ter parado. Breve silhueta em rotação, o velho ergue o dedo admoestando o pequeno loiro. E o movimento repete-se, lenta e deliberadamente, os dedos tapam os lábios, em obstrução de som. Silenciado o chilreio da criança, afaga-lhe a cabeça de caracóis. Porém a mão continua semi-fechada e o dedo meio dobrado. O rosto move-se em articulação. Parece conselheiro mais de si do que da criança. De repente, a tapeçaria adeja e as cores agitam-se, a criança, menino loiro, mexe-se, quase que cresce e olha dentro, bem dentro do rosto do velho. O sorriso espalha-se brilhante nas bochechas, parece-me. Oh é apenas o vento. O quadro mantém-se imutável na sua vulnerabilidade de tons e reflexos.

Subo de novo o lance das escadas e olho, aqueles rostos, a luz diáfana que bafeja a composição. Essa mesma, vem de fora, em jorro inunda a janela mais a cama e vai deitar-se no chão. Há poças de matiz que molham os botins do velho. Ora pretos ora tijolados. O afastar ligeiro de pernas abre novos matizes. Desta vez nas meias que vestem as pernas, e onde se sobrepõem os calçotes escuros. E o velho abana-se ligeiro. Deitando um olhar enviesado para a alcova. Um momento parado de vida. No remanso do quarto, a vida palpita, em interlúdio de matizes de luz.

E perene a tapeçaria descansa sob o olhar da casa.
Mateso

VIII

Amúo

A minha silhueta beneficiou extraordinariamente com a minha ida ao Spa. A minha pele, então, mostra bem o resultado da exfoliação a que foi sujeita.Tem o aspecto duma pele fina de criança..

Foi pena que não me tivesses acompanhado no ginásio onde tu gostas de exibir os teus dotes de ginasta mas, estavas amuado como um adolescente. E porquê? Porque num momento de distracção, sujei, sem querer, aquela tapeçaria retratando aquelas cenas horrorosas da caça ao javali.

Mas sabes como adoro tomar chocolate ao pequeno almoço e, ao levantar-me do sofá, com a chávena na mão, não consegui afastar-me da mesa e num ápice a chávena salta e vai sujar a”menina dos teus olhos”, oferta do sr. Conselheiro, o exponente máximo da tua pirâmide familiar.

Tens, por vezes, atitutes que não compreendo e naquela manhã que começou linda e radiosa e, em que me sentia extremamente feliz, sentados naquela sala com
vista para o jardim, onde ainda se podiam ver as gotas de orvalho brilharem nas flores, fizeste aquela cena tão triste, tão dramática, tão patética, que cheguei até a pensar que a morte ia aparecer.
Tudo serviu afinal, para mostrar a vulnerabilidade da nossa relação.
Amo-te, quero-te, sou feliz a teu lado mas não suporto os teus amúos nem a tua irritabilidade que estão a ser uma verdadeira obstrução à nossa felicidade.
Benó
IX

O Senhor Conselheiro

-Tenho muita pena…

Palavras ditas do cimo do que eram três degraus.
No alcatrão um carro buzinou para dentro do silêncio que era ela inteira.
Maria Ema.

Silhueta debruada na luz de começo de noite, abraçava entre as mãos as pontas do casaco e uma mala. Figurinha magra, o vestido pendia sobre as botas rasas. Da boina, chegada sobre a testa, soltavam-se pontas lisas de um cabelo ruivo.

- Um cabelo tão vermelho deve ser único no mundo.

Dizia-lhe a mãe penteando-lhe duas tranças.

Maria Ema dissera:

- Sou a filha da Beatriz. Minha mãe morreu. Vim dizer-lhe, como ela me pediu

Maria Ema engasgada em palavras. Palavras de silêncios antigos, atropelando as palavras ditas. Colando-se no céu-da-boca. Entaramelando-lhe a fala.

- Não esqueças de falar ao Senhor Conselheiro.

Assim sua mãe lhe viera pedindo. Assim sua mãe sempre o referira.

-Toma, Maria Ema. Oferta do Senhor Conselheiro.

A boneca que dizia palavras ou o cavalo de baloiço que mal cabia em casa. O quarto delas e a sala de fora.


A mãe muito arranjada revolteando vestidos em frente do espelho, os pés descalços na tapeçaria de veludo velho. Heranças parcas da tia Zulmira morta de uma obstrução. Maria Ema, criança, não entende o nome, e nem que seja ela morta de intestino ou artéria. Sabe que depois deste mistério de palavra, o pão que a tia cozia, e o azeite, faltaram lá em casa.
Isso, Maria Ema sabe.

Ficava, às escondidas, a vê-la. Um afastar para onde nem a mãe lho dizia nem ela perguntava. O casaco comprido a cobrir um vestido, roçava os sapatos de saltos muito altos, vermelhos; tapava as meias de costura certinha sobre a curva torneada de cada perna.

Maria Ema esperava a noite toda. Assim o julgava. Esperava o beijo misturado no cheiro intenso vindo de um lugar silenciado. Lugar de vulnerabilidade, foi como o pensou, mas isso foi mais tarde. Pouco antes de agora que a ouve.

- Vai falar ao Senhor Conselheiro, Maria Ema. Peço-te.

Queria sua mãe dizer: depois. Mas calava o evidente. Calara sempre.

E tossia. Tossia havia muitos meses. Estava pele e osso. Nunca mais vestiu aqueles vestidos. Nunca mais saracoteou defronte do espelho.

Uma noite, e mais uma manhã e outra noite, foi o tempo que passou desde este querer dizer que o fosse avisar.

Depois.
Quando cobrisse o chão de uma massa mole que nem era vermelho, mas uma cor de dentro, um arroxeado, um quase negro. Uma cor de morte.

Que fosse ela, Maria Ema, dizer das quarenta e duas primaveras desfeitas antes de dois de Maio.
Era ainda Abril e era manhã cedo.

O orvalho cobria de frio a buganvília. Um frio fora de tempo.

-Tenho muita pena, repetiu o Conselheiro.

Maria Ema olhando-lhe o bigode de um ruivo quase vermelho. Duas metades de pelos retorcidos.
As mãos apertavam as pontas do casaco.

Maria Ema no degrau de pedra, dois degraus abaixo, a deixar que lhe crescesse o desprezo como um número elevado a enorme exponente.
E o Senhor Conselheiro repetindo:

-Tenho muita pena

MCorreia
X
Em obstrução ao silêncio de cada lágrima no orvalho da manhã, a silhueta do eremita surge exponente de grandeza, a afastar com pena leve a vulnerabilidade de cada um de nós.
Como quem conduz uma CRIANÇA pela mão, ele pega no fio e constrói a tapeçaria deste sonho bonito.
Um eremita é bom conselheiro na fuga à morte da alma.
Jawaa

12 comentários:

Heduardo Kiesse disse...

Mais uma vez, o nossos ponto de encontro em dose verbal!!! :-)
Haja poesia!!

Edu

Paradoxos

Conceição Bernardino disse...

LANÇAMENTO DO LIVRO “SINAIS DO SILÊNCIO” – Rosa Maria Anselmo
Queridos Amigos (as)

"Sinais do Silêncio" está quase a nascer! A sua apresentação será feita no dia 7 de Junho, pelas 16 horas, no Diana Bar – Av. dos Banhos, Praia da Póvoa de Varzim. Será um privilégio ter a vossa companhia nesse dia.
A apresentação do Livro será feita pela poetisa Conceição Bernardino, e o prefácio da autoria de Alice Santos. Aqui fica um excerto desse mesmo prefácio:
"No segundo livro de Rosa Maria encontramos uma mulher muito mais liberta, onde a escrita e a paixão andam de mãos dadas, inseparáveis, qual par de amantes.
Surge uma Rosa que resolveu desabrochar e nos mostra a alma desnudada, sem pudor ou preconceito, sem receios, medos, falsos moralismos. Uma mulher mais atrevida nas palavras, com diálogos interditos, e, por isso, mais despida de si e vestida de candura, sedução e desejos.
A sua essência consegue conquistar o impossível pois, quem ler estes versos vai ser protagonista do encontro mágico entre o ser e o sentir.
A poesia entranha-se de mansinho na alma do leitor, entreabrindo a porta da imaginação e deixando-o transformar-se em tudo o que sempre sonhou e nunca ousou concretizar."
Espero por si.
Rosa Maria Anselmo


http://ocantodarosa.blogspot.com

email da autora – rosaafernandes@gmail.com

Obrigada Beijos – Conceição Bernardino

Eremit@ disse...

E agora postadas as participações é aqui que as leio, como se finalmente estivessem emcasa, palavra que sugerem mãos que se dão em solidariedade e amor à escrita. Na ocasião de mais uma edição da Feira do Livro há aqui muito e bom material convidando à litura. O meu obrigado a todas e todos pela riqueza de textos.
Bom feriado.
Fraterno abraço

Justine disse...

Creio que somos nós que temos de te agradecer,pela ideia, pela hospitalidade, pela possibilidade de mostrar todo este caleidoscópio de textos excelentes.
Abraçolfwelrob

bettips disse...

Sem dúvida, e já o disse em mail ao Eremita, estão de parabéns, acima e abaixo, todos os que contribuíram para pensamentos tão diversos e bem elaborados.
Que as musas se vos rendam em vénia!

Amita disse...

Adorei ler esta primeira parte e certamente não fui única a verificar com alegria as voltas da imaginação ao redor das 12 palavras originando excelentes textos.
Novamente felicito-te pela ideia, amigo Eremita.
Hoje, como tenho um bocadinho mais de tempo livre, vou prosseguir pela 2ª parte.
Com carinho um abraço e uma flor para todos

Anónimo disse...

Agradeço profundamente este trabalho..Li e reli, e fico com a sensação de que cada um á sua maneira se esforçou e conseguio um bomm texto..Continuo entusiasmada, em prosa ou em poesia parecem-me trabalhos que mereciam um dia ser editados.. Que exagero, dirão!! Seja, eu sou uma exagerada..Um abraço, ell

isabel mendes ferreira disse...

li reli.

_______________________.


uma aposta ganha. Por Ti!
________________:


abraço.


forte.

e grato!

mena maya disse...

Estão todos de PARABÉNS!!!!!!

Incrível a vossa capacidade de, ao "brincarem" com as 12 palavras, nos apresentarem estes resultados!

Eremita, foi genial a tua ideia deste jogo!

É um prazer ler os vossos textos, todos diferentes, todos excelentes!

Um abraço e um bom domingo!

Rita Galante disse...

Olá doce amigo!

Passei para agradecer a sua visita ao meu cantinho. Volte quando quiser. Terei sempre uma luz para lhe oferecer... E fico feliz por saber que lê Lee Carroll. Já agora, desculpe a minha curiosidade, mas o que significa M.M.? Se calhar até já li alguma coisa dela. Quem sabe!

Beijinhos de Amor, Paz e Luz!

Parvinha da Silva disse...

li, reli e voltarei para ler de novo. A qualidade dos textos e o poder criativo são indescritíveis.
É tarefa complicada realçar este ou aquele, contudo, há frases que se nos colam: "Desde criança que espero a manhã, a aurora, em que um límpido e puro orvalho, consiga trazer o aniquilamento, a morte,de todas as dores que nos submergem".

Parabéns a todos, em geral, e ao Eremita, em especial por a oportunidade de boa leitura que me deu.

Eli disse...

Obrigada por me deixares fazer parte. Apanhei "boleia" no momento certo!

:)